ClimaInfo, 27 de agosto de 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

IMAZON: DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA CRESCEU 40%

O Boletim do Desmatamento da Amazônia Legal do Imazon revela que, entre agosto de 2017 e julho deste ano, quase 4.000 km2 foram desmatados na região, um aumento de 40% em relação ao período anterior. O governo, que no ano passado comemorou a diminuição da taxa de desmatamento, rapidamente disse que a metodologia oficial é diferente da utilizada pelo Imazon e que mantém sua visão quanto à continuidade da queda. A ver, mesmo porque no ano passado, o boletim do Imazon também indicava queda.

http://imazon.org.br/publicacoes/boletim-do-desmatamento-da-amazonia-legal-julho-2018-sad

https://sustentabilidade.estadao.com.br/blogs/ambiente-se/ong-indica-alta-de-39-no-desmatamento-da-amazonia-no-ultimo-ano/

 

ELETROBRAS CHANTAGEIA WAIMIRI-ATROARI E NÃO PAGA CONTA DE ENERGIA DE RORAIMA À VENEZUELA

O governo Temer faz de tudo para passar a linha de transmissão Boa Vista-Manaus cortando o território dos Waimiri-Atroari. Na semana passada, a Eletrobras ameaçou romper um compromisso assumido com os índios como reparação pelo massacre acontecido quando da construção da hidrelétrica de Balbina na época da ditadura. A empresa quer romper o acordo feito há cinco anos, no qual se comprometeu a fazer os pagamentos durante dez anos. Procuradores da República em Manaus emitiram uma recomendação aos órgãos do governo relacionados à obra para que esta não seja iniciada sem o completo esclarecimento e consentimento por parte dos índios. Segundo os procuradores, “desde o início do planejamento da implantação da linha de transmissão, ainda em 2008, passaram-se cerca de dez anos, lapso mais do que suficiente para que o governo federal e a Aneel [agência de energia elétrica] pudessem implantar medidas alternativas para suprir o fornecimento de energia elétrica no estado de Roraima”. Há alguns meses, Moreira Franco fez consultou a possibilidade de enquadrar a obra como objeto de segurança nacional e mandar o exército garantir a construção. Foi dissuadido.

A situação em Boa Vista ficou mais complicada na semana passada, quando o governo venezuelano ameaçou cortar o fornecimento de energia para a cidade se a Eletrobras não pagasse os US$ 30 milhões em contas atrasadas.

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/08/eletronorte-ameaca-cortar-ajuda-de-r-18-mi-a-indios-para-forcar-linhao.shtml

https://www.valor.com.br/brasil/5766305/caracas-pode-cortar-luz-de-roraima

 

MARINA SILVA PROMETE 1,5 MILHÃO DE CASAS SOLARES

Em campanha na cidade de Mauá, na Grande São Paulo, Marina Silva disse que quer creches em tempo integral para que mulheres possam estudar e trabalhar. Também destacou a importância de abrir novos empregos e citou, como exemplo, o setor de renováveis, com o qual pretende apoiar a construção de 1,5 milhão de casas equipadas com painéis fotovoltaicos. “É só ter um plano para que se faça uma matriz energética limpa, diversificada e segura. Uma parte dos investimentos que são feitos para geração de energia serão deslocados para as energias renováveis. E uma das fontes é essa de fazer 1,5 milhão de casas com placas solares. Isso geraria muitos empregos”.

https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2018/08/25/marina-silva-diz-que-vai-construir-15-milhao-de-casas-com-placas-solares-para-gerar-empregos.ghtml

 

SETOR ELÉTRICO CADA VEZ MAIS CONCENTRADO E INTERNACIONALIZADO PREOCUPA ANALISTAS DA FVG

Na semana passada, o Grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV lançou sua “Análise do ambiente concorrencial do setor elétrico no Brasil”, na qual examina as aquisições de empresas do setor entre janeiro de 2016 e junho deste ano. Foram 15 operações no valor de empresa (enterprise value) de mais de R$ 86 bilhões. Empresas estrangeiras foram responsáveis por R$ 80,5 bilhões, em especial estatais estrangeiras (R$ 68,8 bi). A maior operação realizada foi a compra da CPFL pela estatal chinesa State Grid (R$ 40,6 bi), em julho de 2016. Enquanto no subsetor de geração há uma pulverização do capital, a transmissão é mais concentrada, principalmente por conta da Eletrobras, empresa que controla mais da metade dos ativos. Entre as concessionárias de distribuição, os 6 maiores grupos de capital estrangeiro controlam 60%. Somando a Cemig e a Eletrobras, estes controlam quase 84% dos ativos. O pessoal da FGV manifestou sua preocupação com a excessiva concentração de capital e apontou para melhorias nos processos das concorrências, dentre elas:

– evitar uma concorrência desleal por conta de subsídios de governos de outros países a empresas estatais estrangeiras;

– a disputa nos leilões deve ser balizada pela eficiência e não por interesses diversos de empresas estatais;

– o custo de capital é um diferencial competitivo decisivo no setor elétrico que é intensivo em investimentos; e

– há necessidade de um ambiente macroeconômico e regulatório estável. Assim, os concorrentes nacionais poderão ser mais competitivos nas futuras disputas.

https://gei-sa.fgv.br/evento/analise-ambiente-concorrencial-setor-eletrico-brasil-ponto-de-vista-economico-juridico

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/08/avanco-de-estrangeiros-no-setor-eletrico-pode-reduzir-concorrencia-diz-fgv.shtml

https://www.valor.com.br/empresas/5762253/cresce-presenca-de-multinacionais-em-energia

 

UNIVERSIDADE AUTOALIMENTADA POR FONTES LIMPAS

A Universidade do Vale do Itajaí (Univali), em Santa Catarina, inaugurou uma planta fotovoltaica que suprirá 100% da demanda do campus. A central é composta por 596 painéis fotovoltaicos que ocupam mais de 1.000m² e que somam uma potência instalada de 157 kW, devendo gerar quase 200 MWh anualmente. Ao mesmo tempo, a universidade instalou lâmpadas LED e aparelhos de ar condicionado mais eficientes. Os recursos vieram do Programa de Eficiência Energética da Celesc (Centrais Elétricas de Santa Catarina), que tem foco no programa Educação + Eficiente.

http://ciclovivo.com.br/inovacao/tecnologia/uunivali-gerar-100-por-cento-de-energia

 

CIDADES SE COMPROMETEM COM EDIFICAÇÕES CARBONO-ZERO

Dezenove cidades globais assinaram um compromisso por edificações carbono-zero já a partir de 2030. Entre as 19 estão Londres, Los Angeles, Nova York, Paris e Tóquio. Edificações carbono-zero são ultra-eficientes nos seus fluxos de energia, água e materiais, e são alimentadas por fontes limpas de energia. São ambientes confortáveis onde a conta de energia é zero ou quase isso, isolados termicamente contra extremos de temperatura e com uma atmosfera interna livre de poeira e particulados da rua.

Os próximos passos do compromisso são:

– analisar os edifícios públicos e definir as medidas para torná-los carbono-zero;

– definir um mapa do caminho para se chegar a edificações carbono-zero;

– desenvolver incentivos e programas de suporte; e

– reportar o progresso e avaliar e incorporar outras fontes de emissão, como a refrigeração de ambientes.

Assinaram o compromisso: Copenhagen, Johanesburgo, Londres, Los Angeles, Montreal, Nova York, Newburyport, Paris, Portland, São Francisco, São José, Santa Mônica, Estocolmo, Sidney, Tóquio, Toronto, Tshwane, Vancouver e Washington D.C.

https://www.c40.org/other/net-zero-carbon-buildings-declaration

http://globalclimateactionsummit.org/net-zero-carbon-by-2030/

 

TRUMP QUER SUBESTIMAR O CUSTO SOCIAL DAS EMISSÕES DE CARBONO

O New York Times investigou as implicações do rebaixamento do custo social do carbono proposto pelo governo Trump. A proposta quer, também, alterar a metodologia de cálculo do parâmetro. O custo social do carbono é utilizado pelos órgãos federais dos EUA para calcular os custos e os benefícios de regulamentações climáticas. Para o governo Trump, cada tonelada de CO2 emitida em 2020 causaria apenas entre US$ 1 e US$ 7 em danos econômicos, valores muito abaixo do parâmetro utilizado pelo governo Obama, o qual, corrigido pela inflação, se aproxima de US$ 50. Subestimar o parâmetro pode ter importantes consequências, segundo o NYT: “se a administração Trump tiver sucesso alegando que o dióxido de carbono causa relativamente pouco dano à economia, poderá mais facilmente justificar medidas como a substituição do plano de energia limpa de Obama”. O NYT observa que, qualquer que seja o valor finalmente assumido pela administração Trump, este terá que ser defendido nos tribunais.

O primeiro link leva à matéria do NYT e o segundo a uma análise detalhada do custo social do carbono feita pelo Carbon Brief no ano passado.

https://www.nytimes.com/2018/08/23/climate/social-cost-carbon.html

https://www.carbonbrief.org/qa-social-cost-carbon

 

CONTAS DA EPA INDICAM QUE TRUMP MENTE SOBRE OS CUSTOS DO ACORDO DE PARIS

Junto com o novo plano de energia para favorecer o carvão, a EPA (Agência de Proteção Ambiental) publicou um relatório sobre os impactos que a nova regulação trará. Para surpresa geral, o documento mostra que os custos das medidas elencadas por Obama para o cumprimento das promessas feitas ao Acordo de Paris são muito baixos. Quando anunciou a retirada dos EUA do Acordo, Trump disse que seu cumprimento custaria centenas de bilhões de dólares ao país. Mas a EPA estima que a conta ficaria em cerca de US$ 700 milhões até 2030, e outros US$ 400 milhões até 2035. A equipe de Obama estimava estes custos em mais de US$ 5 bilhões. Diz o texto do relatório: “… o setor (elétrico) ficou menos intensivo em carbono nos últimos anos e esta tendência deve continuar… assim, o custo de cumprimento (das metas) é significativamente menor do que havia sido estimado no relatório (anterior, elaborado pela equipe de Obama).”

https://thinkprogress.org/trumps-own-epa-reveals-his-entire-attack-on-the-paris-climate-deal-was-a-fraud-addeb1f0e84d/

https://www.epa.gov/sites/production/files/2018-08/documents/utilities_ria_proposed_ace_2018-08.pdf

 

INCÊNDIOS FLORESTAIS NA ALEMANHA DETONAM BOMBAS DA 2a GUERRA

Moradores dos subúrbios de Berlim foram evacuados depois que incêndios florestais detonaram bombas que estavam enterradas desde a 2a Grande Guerra. As bombas, de fabricação aliada, tinham sido lançadas durante os bombardeios aéreos no final da guerra. Os incêndios começaram a pipocar na esteira da grande onda de calor de julho e agosto.

https://www.independent.co.uk/news/world/europe/germany-wildfire-villages-latest-evacuated-berlin-villages-a8506601.html

 

FABRICANTE DA AK-47 APRESENTA SEU CARRO ELÉTRICO

A Kalashnikov é conhecida pelo seu mundialmente famoso fuzil AK-47. Recentemente a empresa apresentou um protótipo de carro elétrico com autonomia de 350 quilômetros. O design do carro se inspira em peruas soviéticas da década de 60. O carro foi apresentado numa feira de armas, devidamente cercado dos famosos fuzis.

https://www.bloomberg.com/amp/news/articles/2018-08-24/kalashnikov-takes-aim-at-electric-cars-with-retro-prototype


Para ler e refletir

PROJETO DE CIÊNCIA PARA O BRASIL

Trata-se de um um projeto de Estado para a ciência no Brasil. Um trabalho de fôlego da Academia Brasileira de Ciências que durou dois anos. Abarca propostas de desenvolvimento sustentável e socialmente justo para a sociedade brasileira. Vale a leitura completa do documento, estratégico para nosso país, especialmente nestes duros tempos. Temos que reconstruir o país, para que ele não sirva somente ao agronegócio ou ao pagamento de juros ao sistema financeiro. O Brasil do futuro tem que ser muito mais que isso.

http://www.abc.org.br/atuacao/nacional/projeto-de-ciencia-para-o-brasil/

http://www.abc.org.br/wp-content/uploads/2018/05/Projeto-de-Ciencia-para-o-Brasil.pdf

 

Para ir

1º CONGRESSO DE GESTÃO DA AMAZÔNIA

O evento reúne pesquisadores de renomadas instituições norte-americanas, latino-americanas, europeias e asiáticas, dedicados ao estudo de inovação, sustentabilidade e governança como temas de grande importância para a região amazônica. O congresso destacará projetos inovadores para o desenvolvimento sustentável da região que consideram simultaneamente a conservação ambiental, a responsabilidade social, a viabilidade econômica e o respeito à diversidade cultural. Projetos que revelem através de sua prática o potencial de transformação da Região Amazônica em prol do seu desenvolvimento sustentável, incluindo projetos de startups e pequenos negócios de sucesso na Amazônia, desenvolvidos nos meios urbano e rural.

Centro de Convenções do Amazonas Vasco Vasques, Manaus, de 29 a 31 de agosto, das 8h30 às 18h.

https://amasconference.com/sobre/

https://amasconference.com/1amas/login.php

 

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