FUNDO DE US$ 5,5 MILHÕES FORTALECERÁ COBERTURA JORNALÍSTICA DA AMAZÔNIA
O Pulitzer Center on Crisis Reporting lançou hoje, com o apoio do Ministério do Meio Ambiente da Noruega, um fundo de apoio à cobertura jornalística sobre as ameaças que pairam sobre a Amazônia, como o desmatamento e a mudança climática. O fundo investirá US$ 5,5 milhões durante cinco anos. Jonathan Watts, do Guardian, disse que “O Rainforest Journalism Fund (Fundo de Jornalismo da Floresta Tropical) é uma iniciativa de jornalistas da América do Sul que querem expandir a cobertura das mídias local e internacional. Sabemos por experiência que atuar na região é difícil e caro, mas crucialmente importante, se a humanidade precisa compreender e responder às ameaças existenciais do desmatamento, da perda da biodiversidade e da mudança do clima”. Watts faz parte do Comitê Consultivo da iniciativa que conta, entre outros, com Eliane Brum, Dani Chiaretti, Fabiano Maisonnave e Simon Romero.
TRANSPORTE PÚBLICO: COMO JOGAR DINHEIRO FORA
Vinte anos atrás, São Paulo começou a construir o Fura-Fila, um conjunto de vias exclusivas para ônibus especiais que revolucionaria o transporte na cidade. Parte importante destas vias foram construídas bem acima de grandes avenidas, o que, obviamente encareceu brutalmente o sistema. O Estadão diz que, hoje, o “Fura-Fila segue subutilizado, incompleto e ainda isolado de outros meios de transporte da cidade”. Enquanto cada um dos corredores de ônibus da cidade transportam, em média, mais de 200 mil passageiros por dia, o Fura-Fila transporta pouco mais de 70 mil. É, de longe, o corredor mais caro por passageiro transportado.
Enquanto isso, bem aos poucos, os ônibus elétricos começam a aparecer na paisagem brasileira. Brasília tem alguns, Uberlândia e Volta Redonda também e, agora, Bauru. A fabricante, a chinesa BYD tem 38 ônibus rodando no Brasil. Só para dar uma ideia de quão atrasados estamos, na chinesa Shenzhen, cidade de mais de 12 milhões de habitantes, a frota inteira de ônibus é elétrica – são mais de 16 mil veículos. A ver quando chegaremos lá.
https://estradao.estadao.com.br/onibus/bauru-comeca-adotar-onibus-eletricos/
https://www.itdp.org/2018/09/11/electric-buses-china
ANVISA E IBAMA DECLARAM SEREM CONTRÁRIOS AO PL DO VENENO
Em numa reunião promovida nesta semana pela Organização Mundial da Saúde e a Organização Panamericana da Saúde para o debate do tema dos agrotóxicos, a ANVISA e o IBAMA se posicionaram contra o PL do Veneno. Ambos os órgãos entendem que a legislação vigente é mais apropriada e que a questão do tempo gasto para o registro de novas moléculas não é um problema jurídico e, sim, dos quadros e recursos dos órgãos. A mudança proposta no PL trará mais confusão, mais judicialização e aumentará o risco de impactos à saúde de quem aplica os agrotóxicos e de quem consome a produção agrícola. O representante do Ministério da Agricultura, cujo ministro é o autor do projeto de lei, não respondeu aos argumentos, como costuma fazer a bancada ruralista no congresso. Tentou, no entanto, defender o conceito de análise de risco contido no PL, argumento que ANVISA e IBAMA dizem abrandar o rigor com que o assunto deva ser tratado.
https://www.valor.com.br/agro/5829081/anvisa-e-ibama-reforcam-oposicao-ao-pl-dos-agrotoxicos
A LICENÇA AMBIENTAL DA MINERADORA BELO SUN PASSA PARA AS MÃOS DO IBAMA
A mineradora canadense Belo Sun quer explorar ouro numa área próxima à hidrelétrica de Belo Monte. O risco de estragos ambientais é gigantesco, pela atividade de exploração em si e pelas montanhas de rejeitos que esta deve produzir. Em princípio, como toda a área fica dentro do estado do Pará, a legislação determina que os pedidos de licenciamento ambiental sejam dirigidos à SEMAS, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade daquele estado. Mas, pelo tamanho do estrago potencial, ontem, a Justiça Federal mandou suspender todas as atividades da mineradora e que tudo seja submetido ao Ibama, federalizando o processo. No texto, a Justiça diz que “não há argumento aceitável que restrinja o interesse da União aos empreendimento localizados dentro das terras indígenas, quando possam causar impactos diretamente”.
SOBRE A CÚPULA DE AÇÃO CLIMÁTICA GLOBAL DE SÃO FRANCISCO
Está acontecendo na rebelde Califórnia a Cúpula de Ação Climática Global, reunindo líderes de todo o mundo. O governador Jerry Brown e representantes de várias cidades norte-americanas estão discutindo como barrar as iniciativas de Trump e, ao mesmo tempo, como trabalhar juntos para reduzirem suas emissões. Além dos norte-americanos, participam da cúpula governos subnacionais, o mundo empresarial e organizações da sociedade civil, também para discutir como acelerar a transição para um mundo de menores emissões. Um ex-assessor para o clima do governo Clinton, Paul Bledsoe, disse que “estamos vendo sinais de crescente apatia em todo o mundo. E tem muita gente esperando que o que está acontecendo na Califórnia seja o antídoto”.
https://www.theguardian.com/environment/2018/sep/11/climate-change-summit-san-francisco-trump
https://www.nytimes.com/2018/09/11/climate/california-climate-summit.html
http://news.trust.org/item/20180911130014-8exhr
CONSUMO DE FÓSSEIS PODE COMEÇAR A CAIR EM 2023
Para o pessoal do Carbon Tracker, o crescimento das renováveis no futuro próximo será explosivo, a ponto de fazer o consumo de combustíveis fósseis atingir seu nível máximo por volta de 2023 e cair a partir daí. Deste modo, por volta de 2060, o consumo será a metade do pico e continuará a cair até o final do século. Isso quer dizer que logo mais o preço dos fósseis deve começar a cair, fazendo com que suas reservas percam cada vez mais valor. O trabalho do CT também destaca a importância assumida pela eficiência energética. Se durante boa parte do século passado a demanda energética cresceu por volta de 3% ao ano, e sempre atrelada ao PIB global, nos últimos anos os ganhos de eficiência, que passam de 2% ao ano, rompeu este acoplamento. Isto significa que, para tirar os fósseis do palco, as renováveis terão que atender a uma demanda proporcionalmente menor. O trabalho do CT analisa os setores econômicos consumidores de fósseis e, também, analisa esta dinâmica em nível regional.
SE O FUTURO É ELÉTRICO, PORQUE DEMORA TANTO?
Na reunião de cúpula de São Francisco, um dos tópicos é, claro, o papel dos veículos elétricos na descarbonização das economias. O pessoal do ICCT (sigla em inglês do Conselho Internacional de Transporte Limpo) se fez a pergunta do título acima. Todos os grandes fabricantes destacam os veículos elétricos em seus planos futuros, mas, ao mesmo tempo, fazem um lobby pesado na China, na Europa, nos EUA e, também, por aqui, para enfraquecer ou, pelo menos, manter como estão, as regulações de emissão e eficiência. Também agem para evitar que os fósseis sejam banidos de cidades ou para evitar situações nas quais os elétricos virem mandatórios. O ICCT analisou os planos das automotivas, que preveem vender 15 milhões de elétricos em 2025. A organização também olhou para os compromissos que países, estados e cidades andaram fazendo e constatou que a estimativa da demanda dos principais mercados – China, Europa e uma parte dos EUA – também é por volta de 15 milhões de veículos. Para o ICCT, isto mostra que a transição só deve deslanchar na próxima década, à medida que o resto do mundo eletrificar seu transporte.
É importante lembrar que, elétrico ou não, o carro individual é um estorvo para as grandes cidades, onde a mobilidade precisa se basear cada vez mais no transporte público (elétrico) e na mobilidade ativa.
https://www.theicct.org/blog/staff/future-is-electric-but-why-so-long
CATÁSTROFE ANUNCIADA: O FURACÃO FLORENCE.
ESTUDO DE ATRIBUIÇÃO ANTECIPADA DIZ QUE SUA PRECIPITAÇÃO E DIÂMETRO ESTÃO SENDO AUMENTADOS PELA MUDANÇA CLIMÁTICA
Neste momento, o furacão Florence está girando no meio do Atlântico em direção à costa leste dos EUA. É muito provável que ele venha a ser um dos maiores furacões da história, com ventos que devem passar dos 250 km/h e chuvas de mais de 650 mm. Já foram evacuadas mais de 1,5 milhão de pessoas da costa das Carolinas, e mais ordens de evacuação estão por vir. E esta é apenas uma das três grandes tempestades que estão girando simultaneamente neste momento no Atlântico.
O Florence deve entrar para a história como o primeiro furacão a ter um estudo antecipado da influência humana sobre sua potência e desdobramentos. Segundo o estudo, por conta das mudanças climáticas provocadas pela ação humana, suas chuvas em seu núcleo serão aumentadas em mais de 50%. O estudo concluiu, também, “a partir de considerações termodinâmicas” que “a tempestade permanecerá em uma categoria alta na escala Saffir-Simpson por um período mais longo e que a tempestade terá seu diâmetro aumentado em 80 km em terra por causa da interferência humana no sistema climático”.
https://edition.cnn.com/2018/09/12/us/hurricane-florence-south-east-coast-wxc/index.html
NO FINAL DE SEMANA, O TUFÃO MANGKHUT-OMPANG DEVE ATINGIR AS FILIPINAS E HONG KONG
O supertufão Mangkhut-Ompang, comparável com um categoria 5 do Atlântico, com ventos de mais de 250 km/h, deve passar pelas Filipinas entre 6a feira e sábado, e passar a 100 km de Hong-Kong, no domingo. Os meteorologistas preveem que sua força diminuirá antes de chegar em terra.
Para assistir hoje
ENCONTRO INTERNACIONAL SOBRE CLIMA E SAÚDE
O evento é o 5o da série Diálogos Futuro Sustentável, promovida pelo Instituto Clima e Sociedade e pela Embaixada Alemã, e visa debater os impactos das mudanças climáticas na saúde humana. A manhã será dedicada ao cenário internacional e a tarde ao cenário nacional.
4a feira, 13 de setembro, das 8h30 às 16h.
Assista no canal YouTube do iCS
https://www.youtube.com/channel/UC4lVu9xKdnr_-3vVcKBY7pA
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