ClimaInfo, 15 de outubro de 2018

15 de outubro de 2018

DEVE A CONFERÊNCIA DO CLIMA DE 2019 SER NO BRASIL?

Na hipótese do próximo presidente ser aquele que prometeu durante a campanha retirar o país do Acordo de Paris, faria algum sentido sediar por aqui a Conferência do Clima de 2019? Na COP do ano passado, o então ministro Sarney Filho ofereceu o Brasil como sede da edição do próximo ano. Num primeiro momento, a Venezuela se opôs, em represália à posição brasileira em outros órgãos internacionais. Mas isso parece ter sido contornado recentemente, e a proposição de Sarney será avaliada durante a COP deste ano, na Polônia. O que pode colocar a Convenção do Clima numa situação esdrúxula, a de acontecer num país que a rejeita. A agenda climática já foi abalada por Trump e, hoje, se vê rodeada por países que estão fazendo pouco pelo seu cumprimento e outros que se propõem a fazer menos ainda. Para fortalecer o Acordo de Paris, é importante realizar a COP num lugar que não abra brechas para quem vê na agenda um complô chinês para dominar o Brasil.

https://dialogochino.net/brazil-at-a-climate-crossroads/

https://mobile.valor.com.br/brasil/5916549/venezuela-usa-conferencia-do-clima-para-tentar-se-reaproximar-do-brasil

https://www.axios.com/climate-energy-collide-in-annual-un-meeting-26b8edd7-25df-4283-a5e7-17a04a175ebb.html

 

NOVAS AMEAÇAS PAIRAM SOBRE A AMAZÔNIA

Declarações cada vez mais radicais feitas pelo ex-capitão-candidato, seus generais associados e potenciais ministros, projetam uma nuvem escura sobre o futuro da Amazônia. Como se, para manter seus eleitores animados, fosse necessário produzir uma espiral crescente de declarações pela ilegalidade. No tema ambiental, a pauta passa pela incorporação/dissolução do MMA, a saída do Acordo de Paris, o desmonte do Ibama, do ICMBio e da Funai e pela a abertura da floresta Amazônica para quem a quiser explorar. Vai dar muito trabalho arrumar a casa quando estas visitas forem embora. E muita coisa será definitivamente extinta.

http://www.diretodaciencia.com/2018/10/11/plano-de-bolsonaro-poe-meio-ambiente-em-perigo-dizem-servidores-do-ibama-e-icmbio

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/marceloleite/2018/10/a-amazonia-no-bolso.shtml

https://blogs.oglobo.globo.com/miriam-leitao/post/amp/o-meio-ambiente-e-o-bolsonarismo.html

https://www.reuters.com/article/us-brazil-election/brazils-bolsonaro-plans-more-power-plants-in-the-amazon-adviser-idUSKCN1ML288

https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/10/o-dever-dos-neutros.shtml

 

GENERAL BOLSONARISTA QUER GRANDES HIDRELÉTRICAS NA AMAZÔNIA E MAIS USINAS NUCLEARES

O candidato e sua equipe prometem retomar sonhos da época da ditadura militar, como a ocupação da Amazônia por estradas e enormes barragens com o intuito de não a entregar à sanha estrangeira. Temos generais falando em motosserras e nas hidrelétricas no Tapajós. E retomando um dos grandes fiascos dos generais, que foi o programa nuclear brasileiro, simbolizado, hoje, pela interminável construção da usina de Angra 3.

https://www.valor.com.br/politica/5916569/general-quer-acabar-angra-3-e-reavaliar-usinas-na-amazonia

 

BLAIRO MAGGI TIRA A RESPONSABILIDADE DOS FABRICANTES E AGRICULTORES PELO USO DE AGROTÓXICOS

Maggi teve tempo de cometer mais uma de suas. O ministro assinou um acordo com o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) que passa a responsabilidade pelo receituário de aplicação de agrotóxicos para os engenheiros agrônomos. Até então, a responsabilidade era dos fabricantes. Ou seja, a Bayer-Monsanto passou a culpa por eventuais danos provocados pelo glifosato para o colo dos engenheiros. Possivelmente, o produtor rural também ganhou o perdão eterno, porque, de agora em diante, poderá alegar que fez o que o engenheiro receitou. Segundo Maggi, essa “era uma demanda antiga dos profissionais”.

Em tempo: A nota oficial do ministério usa a palavra “agrotóxicos” e não “fitossanitários”. Ou ninguém notou, ou alguém perdeu o emprego.

http://www.agricultura.gov.br/noticias/engenheiros-agronomos-passam-a-ser-responsaveis-pelo-receituario-de-agrotoxicos

 

O CUSTO TRILIONÁRIO DOS DESASTRES NATURAIS

Na semana passada, o Gabinete de Coordenação de Redução de Desastres Naturais da ONU (UNISDR) publicou o relatório “Perdas Econômicas, Pobreza e Desastres – 1998 – 2017”, compilando e estimando os custos humanos e econômicos de desastres naturais e dos causados pela atividade humana. A UNISDR foi criada a partir do Protocolo de Sendai, de 2015, tendo como tema a missão de mudar a ênfase do “gerenciamento de desastres” para o “gerenciamento dos riscos de desastres”. O relatório é o primeiro esforço de compilação de tudo que aconteceu nas duas últimas décadas. O sumário executivo começa com esta lista: 1,3 milhões de mortos e 4,4 bilhões de feridos, desabrigados, refugiados ou necessitados de ajuda emergencial. A maioria das mortes ocorreu por ocasião de eventos geofísicos como terremotos e tsunamis, tendo sido 91% de todos os desastres causados por eventos climáticos extremos, como enchentes, secas, ondas de calor e tempestades. Coisas que a mudança do clima só agravará. O prejuízo estimado para o conjunto de desastres chega a US$ 3 trilhões. Deste total, quase 80% são associados a eventos extremos. Embora a China tenha sofrido o maior número de desastres, 577, o prejuízo maior ficou com os EUA, quase US$ 1 trilhão, simplesmente porque o preço dos imóveis e de outros ativos norte-americanos são mais altos do que no resto do mundo. A compilação não pôde atribuir custos a muitos dos eventos por falta de dados, mas o Banco Mundial estima que desastres fazem o mundo perder US$ 0,5 trilhão por ano.

A conta para o Brasil chega a quase 3 mil mortes e a um prejuízo de US$ 15 bilhões. Os deslizamentos na zona serrana do Rio de Janeiro, em 2011, que mataram 918 pessoas e desabrigaram e desalojaram 20.000, foram a maior tragédia humana. O desastre da Samarco, em Mariana, foi a mais cara tragédia, com uma conta que já passou dos  US$ 5 bilhões e ainda não fechou.

https://www.valor.com.br/brasil/5916551/desastres-naturais-causaram-perdas-de-r-58-bi

https://www.unisdr.org/archive/61121

https://www.preventionweb.net/publications/view/61119

http://news.trust.org/item/20181010101500-7h983

 

BANCO MUNDIAL RETIRA APOIO À ÚLTIMA TÉRMICA A CARVÃO EM ANÁLISE

O presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, afirmou categoricamente que “tomamos a firme decisão de não ir adiante com a térmica a carvão”, referindo-se à planta de Kosova e Re, nos Balcãs. Esta era a última térmica do tipo que restava no portfólio do Banco. Kim completou dizendo que “somos obrigados pelo nosso regimento interno a ir com a opção de menor custo e, agora, as renováveis custam menos do que o carvão. Assim, sem dúvida, nós não faremos isso (apoiar a térmica a carvão)”. Nem os donos do projeto, nem o governo comentaram essa decisão, nem se manifestaram se prosseguirão mesmo assim.

http://www.climatechangenews.com/2018/10/10/world-bank-dumps-support-last-coal-plant/

 

OS EUA SÃO O MAIOR PRODUTOR DE PETRÓLEO DO MUNDO

Jornalistas do Center for Public Integrity e do Texas Tribune escreveram uma longa matéria (Blowout, ou explosão) sobre o boom do petróleo de fracking no oeste texano. Eles falam da produção, dos custos e do maior impulso surgido quando o governo Obama revogou as restrições à exportação de petróleo, em 2015. O país passou de importador ao maior produtor de petróleo do mundo, ultrapassando a Arábia Saudita e a Rússia, extraindo mais de 11 milhões de barris por dia. Quase tudo isso vem da bacia Permiana que cobre o oeste do Texas e o sul do estado de Nevada. Analistas indicam que essa produção tem tudo para seguir aumentando por muito tempo. A maior parte do artigo trata dos impactos que a região está sofrendo. Como os governos, em todos os níveis, foram dando isenções de impostos, agora eles se veem sem recursos para investir na infraestrutura urbana, em escolas e hospitais que a nova população de ‘frackeadores’ exige. A região é uma das mais áridas dos EUA e o fracking está consumindo muita água: nos últimos 12 meses, o consumo aumentou 8 vezes. Além disso, aumentaram os casos de doenças respiratórias atribuíveis à queima de gás em flares.

https://apps.publicintegrity.org/blowout/

https://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,a-aposta-dos-estados-unidos-no-petroleo,70002546463

 

TRUMP DÁ UM ALENTO PARA O ETANOL E NOMEIA UM CÉTICO CLIMÁTICO PARA A JUSTIÇA

Trump praticamente garantiu a eleição de 2016 com os votos do chamado “cinturão do milho”. Uma vez no governo, passou a dar maior força para o carvão e o petróleo e a bater contra os biocombustíveis que a Califórnia quer estimular. Em novembro, acontecerão eleições para a renovação de boa parte do congresso, e as pesquisas indicam que muitas disputas serão apertadas. Trump viajou especialmente ao cinturão do milho e prometeu aumentar o limite da mistura de etanol na gasolina, hoje em 10%.

Talvez para compensar seus amigos fósseis, Trump acaba de nomear – e o senado de confirmar – um conhecido cético climático para cuidar do meio ambiente no Departamento de Justiça: Jeffrey Bossert Clark. Ele ficou conhecido por defender a BP nos processos relacionados à explosão da plataforma de petróleo Deep Horizon, em 2010.

https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Politica/noticia/2018/10/trump-deve-permitir-maior-volume-de-etanol-na-gasolina.html

https://thehill.com/policy/energy-environment/410993-senate-confirms-climate-skeptic-to-head-doj-environment-office

https://insideclimatenews.org/news/11102018/oil-spill-lawyer-jeffrey-bossert-clark-confirmed-top-environment-attorney-climate-change-policy-chamber-commerce

 

IMAGENS DE SATÉLITE MONITORAM PROLIFERAÇÃO DE TÉRMICAS FÓSSEIS

O pessoal da Carbon Tracker desenvolveu algoritmos para analisar fotos de satélite, oficiais e privadas, para identificar térmicas a carvão e estimar sua capacidade de geração. Segundo o CT, o foco é ajudar “investidores, planejadores e campaigners em regiões onde os dados são inadequados ou insuficientes para a tomada de decisões informadas”. Com base no sistema, já foi possível observar que, devido ao alto custo do carvão em certas regiões chinesas, cerca de 40% das térmicas estão operando no vermelho e, em 2040, serão 95% a dar prejuízo. Em mais três anos, as eólicas terrestres estarão mais baratas do que as térmicas a carvão e, em sete anos, as fotovoltaicas também.

https://www.carbontracker.org/reports/nowhere-to-hide/

https://qz.com/1419899/satellite-images-reveal-coal-power-is-bad-business-for-china/

 

70% DE CHANCE DE HAVER UM EL NIÑO

A meteorologia internacional calcula em 70% a probabilidade de acontecer um El Niño ainda neste ano. A Austrália já está se preparando para ondas de calor e incêndios nas suas pradarias.

O último evento, em 2015-16, trouxe muita chuva no Sul, provocou uma estiagem em parte da Amazônia e agravou a seca do Nordeste. Boa parte do país registrou recordes de temperatura ao longo do verão.

https://www.theguardian.com/environment/2018/oct/10/high-chance-of-el-nino-in-australia-worsening-heat-bushfires-and-drought

https://www.reuters.com/article/us-japan-weather/japan-weather-bureau-says-70-percent-chance-of-el-nino-emerging-in-autumn-idUSKCN1ML0G0

 

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