ClimaInfo, 1 de novembro de 2018

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Novo no ClimaInfo

AQUECIMENTO AUMENTA O RISCO DE UMA NOVA GRANDE FOME GLOBAL

Uma nova crise global de fome, como a provocada por grandes secas no final do século XIX e que ceifou 50 milhões de vidas, tem chance de ocorrência aumentada pelo aquecimento global provocado pela humanidade, que pode provocar  um novo colapso mundial das lavouras.

http://climainfo.org.br/2018/10/31/fome-aquecimento-global-aumenta-risco/

 

AS MUITAS CRÍTICAS À SUBORDINAÇÃO DO MEIO AMBIENTE AO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA

Como esperado, o anúncio da subordinação da pasta do meio ambiente à da agricultura repercutiu mal, aqui e lá fora. Em nota, o ministro do meio ambiente, Edson Duarte, demonstrou sua preocupação: “temos uma grande responsabilidade com o futuro da humanidade. Fragilizar a autoridade representada pelo Ministério do Meio Ambiente, no momento em que a preocupação com a crise climática se intensifica, seria temerário. O mundo, mais do que nunca, espera que o Brasil mantenha sua liderança ambiental”. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, Marina Silva e o Observatório do Clima e muitas outras pessoas e organizações, lançaram notas e criticaram a decisão em entrevistas. Setores do agronegócio e o próprio ministro Maggi já tinham se manifestado contra, principalmente porque o tema ambiental perpassa toda a economia, não só a atividade rural.

Em tempo: no começo da noite o presidente da União Democrática Ruralista, Nabhan Garcia, disse à imprensa que a subordinação não estava definida, e que o presidente eleito quer avaliar melhor a questão.

http://www.mma.gov.br/component/k2/item/15199-nota-do-minist%C3%A9rio-do-meio-ambiente-sobre-fus%C3%A3o-com-o-minist%C3%A9rio-da-agricultura.html

http://www.coalizaobr.com.br/home/index.php/posicionamentos/item/851-anuncio-da-fusao-dos-ministerios-da-agricultura-e-meio-ambiente-preocupa-a-coalizao-brasil

http://www.observatoriodoclima.eco.br/fusao-de-ministerios-antecipa-desmonte-ambiental-no-brasil-de-bolsonaro

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/10/protecao-do-meio-ambiente-era-discurso-da-campanha-de-bolsonaro-dizem-ongs.shtml

https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/10/30/marina-silva-critica-fusao-de-ministerios-anunciada-por-bolsonaro-desastre.htm

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/10/fusao-de-agricultura-e-meio-ambiente-divide-ruralistas.shtml

https://www.poder360.com.br/brasil/ministros-da-agricultura-e-do-meio-ambiente-criticam-fusao-das-pastas/

https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Sustentabilidade/noticia/2018/10/nao-e-fusao-mas-sim-extincao-do-ministerio-do-meio-ambiente.html

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/bruno-boghossian/2018/10/fusao-de-bolsonaro-deixa-pais-sujeito-a-propaganda-ruralista.shtml

http://www.jornaldaciencia.org.br/edicoes/?url=http://jcnoticias.jornaldaciencia.org.br/sbpc-manifesta-preocupacao-com-extincao-do-ministerio-do-meio-ambiente/

http://g1.globo.com/globo-news/jornal-globo-news/videos/v/fusao-dos-ministerios-do-meio-ambiente-e-da-agricultura-pode-ser-revista/7129186/

 

CHINA AMEAÇA DURAMENTE O FUTURO GOVERNO BOLSONARO;

EDITORIAL DO THE GUARDIAN PEDE QUE EUROPA TAMBÉM ENDUREÇA

Um editorial no China Daily pegou pesado em relação aos sinais que Bolsonaro deu àquele país. O então candidato foi a Taiwan no começo deste ano, gesto que nem Trump ameaçou fazer. Além disso, falas feitas durante a campanha pegaram muito mal, tanto quanto ao tom como quanto ao conteúdo. Criticar Pequim “pode servir para algum objetivo político específico… Mas o custo econômico pode ser duro para a economia brasileira, que acaba de sair de sua pior recessão da história”. Vale lembrar que a China é o maior parceiro comercial do Brasil, tanto em exportações quanto em importações. Quase ⅓ do saldo da balança comercial brasileira no ano passado veio das transações com a China.
No Reino Unido, o jornal inglês The Guardian, que nunca mostrou muita simpatia para com o futuro presidente, também assumiu uma posição de confronto: “A Europa tem uma mão para jogar com o Brasil. O desmatamento é basicamente impulsionado pela demanda por terra para plantar soja – exportada para ração animal – e para expandir as áreas de pasto. A Europa é o maior investidor estrangeiro no Brasil. A maior economia da América Latina é o maior exportador de produtos agrícolas para a Europa. Seria um caso forte para a criação de novas leis europeias que garantam que nenhum produto ou transação financeira associados à Europa levassem ao desmatamento, à degradação de florestas e à violações de direitos humanos. Se a União Europeia agir, o Reino Unido deve seguir junto para frear os piores instintos ambientais do Sr. Bolsonaro, que são uma ameaça a todos no planeta.”

A diplomacia brasileira é respeitada e admirada, sempre trabalhou pelo multilateralismo, o que muito contribui para o crescimento econômico da nação desde a estabilização da moeda, permitindo ao país manter as portas abertas para com praticamente todos os governos e linhas políticas. Bolsonaro diz preferir acordos bilaterais. Mas, se estes forem ancorados na admiração de chefes de estado, não sobreviverão à primeira mudança em qualquer um destes.

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,em-editorial-china-faz-alerta-a-bolsonaro-e-diz-que-custo-pode-ser-grande-para-o-brasil,70002576662

https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/28/internacional/1540749270_085357.html

https://www.theguardian.com/commentisfree/2018/oct/31/the-guardian-view-on-brazils-new-president-a-global-danger

 

FAZENDA NÃO QUER ANGRA 3 COM TARIFA DUAS VEZES MAIS CARA

O ministro de minas e energia, Moreira Franco, tem se empenhando pelo prosseguimento da obra de Angra 3. Para isto, e entre outras, inventou uma tarifa especial de R$ 480 por cada MWh que a usina vier a gerar, cerca de duas vezes mais que a segunda fonte mais cara. Sem essa tarifa, a obra não se paga. Mas o ministério da fazenda discorda. Segundo o Estadão, a fazenda “questionou os dados apresentados pelas Eletronuclear e Eletrobrás, o modelo de exploração proposto pelas empresas, os impactos da decisão para o consumidor e até mesmo sobre a pertinência de retomar ou não a usina”. O ministério de minas e energia justificou-se dizendo que a usina não emite gases de efeito estufa e permitirá desligar as poluentes térmicas fósseis.

Há, claro, controvérsias quanto às duas afirmações. Se computar o cimento e aço e a energia gasta para construir e, depois, para descomissionar a usina, e mais a eletricidade usada para a produção do combustível nuclear, as nucleares continuam sendo menos danosas do que térmicas fósseis, mas a vantagem não é lá tão grande.

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,dobrar-preco-em-angra-opoe-ministerios,70002575478

 

MEDIDA PROVISÓRIA DO ROTA 2030 EMPACA MAIS UMA VEZ NO CONGRESSO

A medida provisória que cria o programa Rota 2030 está empacada na Câmara Federal. Da penca de jabutis que os deputados foram pendurando na MP desde sua publicação, há as que, favorecendo fábricas no Nordeste, acabam distorcendo os preços e prejudicando os fabricantes que não têm fábricas na região. Os que se sentem prejudicados estão pressionando deputados para sustar o andamento até que novas negociações aplainem o terreno.

O programa brinda os fabricantes com bilhões de reais de isenções e subsídios em troca da “pesquisa e desenvolvimento” de carros mais eficientes. Dado que muita dessa “pesquisa e desenvolvimento” é feita fora do país, a indústria arrumou um jeito de redistribuir a riqueza nacional para países como Alemanha, Japão e Coreia que, certamente agradecem a força.

https://www.valor.com.br/brasil/5960707/falta-de-acordo-sobre-incentivos-suspende-votacao-do-rota-2030

 

O AGRONEGÓCIO MODERNO E O RURALISMO ARCAICO

José Ely da Veiga escreveu um artigo interessante no Valor sobre como o conceito de “agronegócio” entrou no país. Ele conta que “foi só nos anos 1990 que o saudoso engenheiro agrônomo e empreendedor Ney Bittencourt de Araújo se serviu da noção ‘agronegócio’ para tirar do gueto um carcomido lobby de grandes fazendeiros. Desde então, o emprego político do termo não parou de brigar com seu sentido analítico, adquirindo muitas outras utilidades, entre as quais a de servir de biombo ao parasitismo “ruralista”, antagônico à eficiência produtiva”. Para quem quer entender mais sobre as diferenças entre o negócio agropecuário e as forças políticas que se desenvolveram a partir dele, Veiga recomenda a leitura de uma tese de doutoramento: Formação Política do Agronegócio (vide última nota lá embaixo).
https://www.valor.com.br/opiniao/5960749/do-nobel-ao-ruralismo

 

PREFEITURA DE SÃO PAULO ESTÁ LONGE DE PLANTAR AS PROMETIDAS 200 MIL ÁRVORES

Quando João Doria assumiu a prefeitura de São Paulo, anunciou várias medidas de marketing. Uma delas foi o compromisso de plantar 200 mil árvores até 2020. Depois de quase dois anos de gestão, não foram plantadas nem 25.000, e o ritmo caiu das 19.000 mudas plantadas entre julho e dezembro de 2017, para 2.550, no primeiro semestre de 2018, uma queda de 86%.

Bem que São Paulo ficaria melhor com mais árvores, principalmente se plantadas com o objetivo de mitigar crises hídricas, como sugere um recente trabalho coordenado pelo WRI.

https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,programa-municipal-para-plantio-de-200-mil-arvores-em-sp-emperra,70002575574

https://wribrasil.org.br/pt/publication/infraestrutura-natural-para-agua-no-sistema-cantareira-em-sao-paulo

 

SÓ 16 PAÍSES ESTÃO CUMPRINDO SEUS COMPROMISSOS CLIMÁTICOS

Um trabalho do Grantham Institute analisou a quantas andam os compromissos apresentados pelos países signatários do Acordo de Paris. O instituto constatou que só 16 países transformaram esses compromissos em algo tangível, como leis e políticas nacionais que definem objetivos quantificáveis e verificáveis. A ausência desses instrumentos, para o Grantham, levanta dúvidas quanto à possibilidade dos países cumprirem suas partes no Acordo. Algéria, Canadá, Costa Rica, Etiópia, Guatemala, Indonésia, Japão, Macedônia, Malásia, Montenegro, Noruega, Papua Nova Guiné, Peru, Samoa, Singapura e Tonga são os bons alunos. O Brasil incluiu sua NDC e suas bases na Política Nacional sobre Mudança do Clima, mas não fez muito mais do que isso.

http://www.lse.ac.uk/GranthamInstitute/publication/targets/

https://www.euractiv.com/section/climate-environment/news/only-16-countries-meet-their-commitment-to-paris-agreement-new-study-finds

 

A CAROLINA DO NORTE, ATINGIDA POR DOIS FURACÕES, ADOTA COMPROMISSOS CLIMÁTICOS

Depois de ter sido atingida em cheio pelo furacão Florence e, pouco tempo depois, pelo final do furacão Matthew, a Carolina do Norte, estado dos EUA, entrou para a luta contra o aquecimento global. O governador baixou uma ordem executiva comprometendo o estado com uma meta climática: até 2025, o estado reduzirá suas emissões a 40% do que foi emitido em 2005. O estado se juntou a outros 17 estados norte-americanos que assinaram a Aliança Climática dos EUA apoiando o Acordo de Paris e passando a monitorar e reportar suas emissões e seus esforços para mitigá-las. O governador Roy Cooper é do Partido Democrata. Nas eleições de 2016, apesar de ser considerado um estado dos democratas, Trump bateu Hillary Clinton por uma margem de 10% dos votos.

https://thinkprogress.org/north-carolina-paris-agreement-florence-c26f19f9fcef

 

VÊM AÍ OS AVIÕES ELÉTRICOS

A Easyjet, companhia aérea britânica de baixo custo, começará no ano que vem a testar seu protótipo de avião híbrido alimentado por baterias elétricas. O avião tem 9 assentos e será testado em rotas entre Londres e o continente. O plano da empresa é ter uma frota de aviões com 120 assentos voando em rotas de até 500 km até 2030. A principal rota “elétrica” ligará Londres a Amsterdã. A aviação vive sendo cobrada para participar do esforço de redução das suas emissões de carbono. Embora os aviões estejam cada vez mais eficientes, tanto na aerodinâmica quando no consumo de combustíveis, o aumento significativo de passageiros faz do setor um dos mais emissores do mundo. E tem a complicação adicional dos voos internacionais estarem fora das jurisdições dos países. Assim, são importantes os esforços de eletrificação dos aviões e de desenvolvimento de biocombustíveis verdadeiramente renováveis.
https://edition.cnn.com/travel/article/electric-easyjet-planes-intl/index.html

https://www.thetimes.co.uk/article/easyjet-s-electric-plane-is-ready-for-take-off-next-year-tvc7xg9r7

https://thehill.com/policy/energy-environment/413904-airline-vows-to-switch-to-electric-planes-on-short-haul-routes-by

 

Para ir

FLORESTAS PARA ÁGUA: INFRAESTRUTURA NATURAL NO BRASIL

As florestas têm importante papel como infraestrutura natural, garantindo o abastecimento hídrico, controlando a erosão e purificando a água. Para refletir e debater sobre os desafios de implementar e dar escala à infraestrutura natural nas políticas de saneamento e gestão de recursos hídricos nas cidades brasileiras, o WRI Brasil e a Fundação Grupo Boticário organizam uma rodada de debates sobre restauração florestal e abastecimento. Os temas das mesas e palestras são: Florestas como estratégia de adaptação à mudança do clima e Infraestrutura Natural: como dar escala aos Investimentos. Também serão apresentados os resultados do estudo sobre Infraestrutura Natural para água no Sistema Cantareira.

Participações de Rachel Biderman (WRI), André Ferretti (Boticário), Samuel Barrêto (TNC), Carlos Nobre (WRI), Rafael Feltran-Barbieri (WRI), Suzanne Ozment (WRI), Percy Soares, Mara Ramos (Sabesp), Representante Frente Nacional de Prefeitos, João José Demarchi (Comitê PCJ), Devanir Garcia (ANA), Mônica Porto (Poli/USP) e Gil Scatena (SMA-SP).

Dia 13 de novembro, das 14h às 18h30, no Centro Cultural B_arco, Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 426, São Paulo.

Informações com Selma, (11) 3032 1120 ou pelo e-mail [email protected]

Inscrições no link abaixo.

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfaLJK67Yh29jtBMtDAfFLIRZuov3WJiP4uk3AotNfCu9tohQ/viewform

 

Para marcar na agenda

LANÇAMENTO DO SEEG 6

O Observatório do Clima lançará os novos dados de emissões de gases de efeito estufa do Brasil em novembro. Os números se referem ao ano de 2017 e integram a sexta estimativa do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa), com novidades sobre o cálculo de emissões por desmatamento.

Dia 21 de novembro, no auditório do Museu Catavento, no Palácio das Indústrias (Avenida Mercúrio, Parque Dom Pedro II, s/n, Brás, São Paulo).

Assim que forem divulgadas, passaremos informações sobre a programação e o link para inscrições que devem aparecer em no site do SEEG.
http://seeg.eco.br/

 

Para ler

FORMAÇÃO POLÍTICA DO AGRONEGÓCIO

Tese de doutoramento defendida este ano por Caio Pompeia Ribeiro Neto, na Unicamp. Conta a história do conceito de agronegócio, primeiro nos EUA e, depois, sua introdução por aqui. “Procuram-­se compreender, a partir desse ponto, as distintas configurações dessa concertação (política do agronegócio) ao longo dos últimos 25 anos – incluindo tanto suas proposições e estratégias quanto às controvérsias em que foi inserida – até chegar à centralidade que detém atualmente no processo político brasileiro.”

Recomendação de José Eli da Veiga.

http://www.repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/332572

 

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