Pedindo a lei e a ordem que faltam na Amazônia

Na semana passada, dois artigos divertidos trataram da vigilância – determinada pelo general Augusto Heleno – dos movimentos da Igreja Católica na Amazônia para a organização do Sínodo Pan-Amazônico convocado para outubro pelo Papa Francisco.

Carlos Rittl, do Observatório do Clima, disse que “se fossem um pouquinho menos ideológicos e um pouquinho menos obcecados em encontrar perigosos comunas armando uma revolução atrás de cada moita, os militares entenderiam que ninguém precisa espionar os padres. Afinal, o que a Igreja e o Papa querem para a Amazônia é basicamente a mesma coisa que Bolsonaro prometeu instituir no país: lei e ordem. As agendas do quartel e da Santa Sé são bastante convergentes.” Ele coloca o dedo na real ferida Amazônica, causa de grande parte do desmatamento e das mortes na região: “O crime organizado está por trás de uma fatia significativa do desmatamento na floresta. Em 2018, 59% do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou em áreas públicas griladas. Há quadrilhas especializadas em roubo de madeira e quadrilhas especializadas em invadir terra pública, com ajuda da melhor tecnologia de sensoriamento remoto, pôr a floresta abaixo – usando trabalho escravo -, forjar títulos e vender a área para pecuaristas e agricultores que sempre poderão alegar que não sabiam de nada (…) As Forças Armadas conhecem o valor estratégico da Amazônia. Deveriam unir-se ao Papa e a toda a sociedade na busca de soluções para seu desenvolvimento sustentável”.

O artigo do jornalista Reinaldo Azevedo segue numa linha semelhante, ressaltando que a Amazônia brasileira é nossa, mas que o bioma todo é parte de outros oito países. Azevedo termina com sua habitual ironia: “Parlamentares falam em convocar o general Heleno para saber se os bispos foram espionados. É que a preocupação do GSI com o Sínodo surgiu a partir de relatórios preparados por agentes da Abin. Nem precisava. Bastava, como eu disse, visitar o site da CNBB.”

 

Boletim ClimaInfo, 18 de fevereiro de 2019.