Lançada Comissão Arns em defesa dos Direitos Humanos
Ontem, 20 personalidades brasileiras lançaram a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns ou, simplesmente, “Comissão Arns”. Participam, dentre outros, os ex-ministros José Carlos Dias, José Gregori, Luiz Carlos Bresser-Pereira, Paulo Sérgio Pinheiro e Paulo Vannuchi (gestão Lula). Bresser-Pereira, Luiz Felipe de Alencastro e Maria Hermínia Tavares de Almeida escreveram um artigo para a Folha de S.Paulo onde dizem: “Essa trajetória (rumo à utopia da Carta de 1988: uma nação socialmente mais justa e respeitadora dos direitos das pessoas), com todos os seus percalços, está hoje em vias de ser bloqueada; as conquistas, sob ameaça de retrocesso. Eleitos pelo sufrágio democrático, o novo governo federal e governos de alguns estados, bem como integrantes da base parlamentar situacionista, têm revelado compreensão acanhada dos direitos de cidadania e visão preconceituosa em relação a valores e comportamentos aceitos em qualquer sociedade diversa e complexa. Sem falar nas suas ideias simplórias, por vezes brutais e ilegais, para atender os justos anseios da população por segurança e paz”.
Em tempo: nós do ClimaInfo entendemos não ser possível dissociar a luta contra as mudanças climáticas de outros embates em torno da desigualdade social e dos direitos humanos.
Deputado quer aumentar o desmatamento em Roraima
No começo do mês, o senador Mecias de Jesus apresentou um projeto que altera um regra do Código Florestal. No Bioma Amazônico, o Código permite a exploração econômica de 20% da área das propriedades privadas. A exceção é para as áreas onde o Zoneamento Econômico Ecológico (ZEE) permita a exploração de até 50% da área. O senador Jesus quer que o estado de Roraima possa “produzir de igual para igual com os demais estados brasileiros.”
Recomendamos ao senador uma frase de uma nota de anteontem, sobre o aproveitamento econômico da biodiversidade do bioma: “A ideia (…) é fazer com que a Amazônia se desenvolva com as riquezas que vêm da floresta. Não precisa imitar São Paulo e ter que corrigir depois todos os desafios urbanos da metrópole que cresceu transformando o verde em asfalto.”
Acende Brasil disponibiliza banco de dados do setor elétrico
O Instituto Acende Brasil montou um banco de dados com informações preciosas para quem estuda ou se interessa pelo setor elétrico nacional. Traz dados históricos, por fonte de geração, da capacidade instalada e da geração diária desde 2014. Também traz dados dos preços no mercado livre e outras informações. O cadastro é gratuito e os dados podem ser baixados.
Avaliação das nossas estações de saneamento
Acaba de sair uma avaliação de 166 Estações de Tratamento de Efluentes de São Paulo e Minas Gerais. Na apresentação, o Portal de Tratamento de Água diz que, “em geral, o desempenho na remoção de matéria orgânica esteve dentro do esperado. As eficiências de remoção de SST (sólidos suspensos totais) estiveram abaixo, enquanto a remoção de coliformes foi maior que a descrita na literatura. A remoção de nutrientes foi baixa, já que nenhuma das modalidades analisadas foi projetada com este objetivo.” A avaliação pode ser baixada aqui.
O impacto global do carvão e o compromisso da maior carvoeira do mundo
Pesquisadores da universidade ETH Zurich publicaram na Nature um artigo sobre as térmicas a carvão no mundo. Eles modelaram os impactos das quase 8 mil usinas existentes, sobretudo as emissões de dióxido de carbono, material particulado, dióxido de enxofre, óxido de nitrogênio e mercúrio. Com isso, identificaram os locais que mais sofrem com estas emissões. Na Índia, no Leste Europeu e na Rússia, há uma combinação infernal entre plantas antigas com baixa eficiência de queima e de remoção de poluentes com um carvão de qualidade mais baixa. Christopher Oberschelp, autor-líder do trabalho, diz que “mais da metade dos impactos sobre a saúde (causados pelas emissões de térmicas a carvão) podem ser atribuídos a apenas 10% das plantas. Elas deveriam ser modernizadas ou fechadas o mais rapidamente possível.”
Em tempo 1: a Glencore, a maior exportadora mundial de carvão térmico, anunciou que limitará a produção de carvão e irá alinhar seus negócios com as metas de do Acordo de Paris. A decisão foi tomada em decorrência das pressões de investidores preocupados com a mudança do clima. A empresa espera que o anúncio eleve o preço do carvão e que, assim, a limitação da produção não necessariamente traga prejuízos ao negócio. A Bloomberg e o Financial Times deram a notícia.
Em tempo 2: a Mitsubishi, por sua vez, decidiu vender sua participação em duas minas de carvão australianas. O ato da empresa também responde a pressões de investidores, principalmente de fundos de pensão e de investimento, que estão procurando se afastar do mundo do carvão.
Divulgado calendário das negociações climáticas de 2019
A ONU publicou o calendário de eventos climáticos deste ano. Patricia Espinosa, a secretária-geral da Convenção do Clima, disse que 2019 é um ano crítico: “a última chance para que a comunidade internacional tome uma ação efetiva contra a mudança do clima.” Ao longo do ano, Espinosa e o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, querem fazer com que os países dobrem suas ambições climáticas e garantir a inclusão de grupos diversos no processo da ação climática.
Em março, acontece a reunião de alto nível da Assembleia Geral da ONU sobre o Desenvolvimento Climático e Sustentável para Todos. No final de junho, acontecerá uma avaliação de seu progresso em Abu Dhabi, onde também serão avaliados os progressos na luta climática. Em setembro, acontece a Cúpula do Clima, seguida da primeira reunião do Fórum Político de Alto Nível para a Ação Climática. A COP 25 acontecerá no Chile, e era inicialmente prevista para 2019. No entanto, o Chile pleiteia realizar a reunião no começo de 2020. Patricia Espinosa defende que a única saída para a ação climática é o esforço conjunto de todos os países. “Se quiser ir rápido, vá só. Se quiser ir longe, vá junto. Vamos trilhar essa estrada juntos”.
Metas europeias para os caminhões de carga
A União Europeia divulgou suas metas de redução de emissões para o setor de transporte, e estas colocarão forte pressão sobre a indústria. Até 2030, os fabricantes de caminhões terão que reduzir em 30% as emissões dos seus produtos. E esta meta deverá ser aumentada na revisão dos documentos que acontecerá em 2022. Como marco intermediário, todos os caminhões a serem vendidos em 2025 terão que emitir 15% menos CO2 do que os vendidos hoje. O documento também prevê que caminhões não movidos a combustíveis fósseis servirão para mitigar a meta dos fabricantes. Stef Cornelis, analista do site Transport & Environment, mandou seu recado: “Com a primeira meta do mundo para caminhões de emissão zero, a União Europeia está mandando um sinal forte para o mercado. Até agora, os grandes fabricantes europeus pouco fizeram para criar um mercado de caminhões elétricos e a hidrogênio. Eles têm, agora, uma oportunidade única de liderar a corrida para produzir caminhões econômicos e acessíveis de emissão zero. Mas é bom eles se apressarem ou ficarão para trás de chineses e californianos, tal como acontece com os fabricantes europeus de carros. A Reuters e o The Greens/European Free Alliance comentaram as metas.
Trem solar ligará o norte da Argentina a Cusco no Peru
Logo mais começa a rodar um trem expresso ligando a província de Jujuy, no norte da Argentina, com a cidade de Cusco, no Peru. Uma das atrações é a energia solar responsável por parte da energia que moverá o expresso. O trecho argentino recuperará uma antiga linha férrea que termina na fronteira com a Bolívia. De lá, a rota atravessa o salar de Uyuni, na Bolívia, e seguirá até Cusco, no Peru. Cusco é um dos pontos de partida da trilha Inca que leva à Machu Picchu.
A mudança do clima extingue seu primeiro mamífero
Um pequeno ratinho marrom australiano, o Melomys rubicola, foi oficialmente declarado extinto pela ministra australiana do Meio Ambiente, Melissa Price. Pesquisadores não encontraram nenhum indivíduo no único lugar onde a espécie era encontrada ultimamente, a ilha Torres Strait, perto da Papua Nova Guiné. A ilha tem apenas cinco hectares e seu ponto mais alto fica a 3 metros do nível do mar. A mudança do clima fez subir o nível das marés e, mais, submeteu a ilha a tempestades cada vez mais fortes. O bicho é o primeiro mamífero a ser oficialmente declarado extinto por conta da mudança do clima.
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