Energia renovável para Roraima

28 de fevereiro de 2019

Conforme se agrava a crise na Venezuela, se agravam também os problemas com a falta de energia elétrica em Roraima. Blackouts e cortes no fornecimento têm obrigado o acionamento de termelétricas, ao elevado um custo de R$ 2 mil/MWh. O governo federal tenta, há tempos, integrar Roraima à rede nacional de distribuição por meio de uma linha de transmissão de 715 km que ligaria a capital, Boa Vista, a Manaus. Mas a obra atravessa 120 km da Terra Indígena Waimiri-Atroari, o que tem colocado muitos problemas para a obtenção da licença de instalação. Segundo a Folha de S. Paulo, o governo propôs, ontem, ao Conselho de Defesa Nacional, o enquadramento da linha como empreendimento de infraestrutura de interesse da política de defesa nacional, na esperança que isto facilite o processo. Mesmo esta medida não resolveria o problema no curto prazo, já que, a partir da emissão da licença de instalação, seriam necessários 3 anos para sua construção.

Tasso Azevedo, do Observatório do Clima, defende n’O Globo o uso das fontes solar e eólica acopladas a um sistema de baterias que garanta a constância do fornecimento. Estima-se que, somente no norte do estado, o potencial eólico supere os 3 GWh, enquanto torres experimentais instaladas pelos Makuxis para gerar energia para o consumo de suas comunidades demonstraram um potencial maior do que a demanda do estado, e isto só considerando a área da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Além disso, Roraima tem um potencial fotovoltaico médio de 5 KWh/m2/dia, de modo que, com apenas 1 km2 de painéis solares, seria possível dar conta de toda demanda de energia do estado, que é de aproximadamente 210 MWh médios. Um parque de baterias para estabilizar as energias solar e eólica ocuparia uma área de apenas 0,1 km2. Tasso estima que o investimento total para um sistema eólico/solar/bateria ficaria entre US$ 1,5 e 2 bilhões, e este poderia ser implantado de forma modular ao longo de 2 anos, gerando energia já a partir dos primeiros meses de implantação. Tasso, e a equipe do ClimaInfo, torcem para que um projeto deste tipo concorra ao leilão de energia para o estado que está agendado para maio, e coloque Roraima no mapa mundial como o primeiro totalmente abastecido pelo modelo eólico/solar/baterias.

 

Boletim ClimaInfo, 28 de fevereiro de 2019.

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