Amazônia sob extremos climáticos: temporais no Acre, seca e fogo em Roraima

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Divulgação/Defesa Civil de Rio Branco

Fortes chuvas deslocaram 24 mil pessoas e colocaram 19 cidades acreanas em situação de emergência, enquanto roraimenses sofrem com calor, falta d’água e incêndios recordes.

A Amazônia registrou uma seca extrema no ano passado, resultado da combinação do El Niño com as mudanças climáticas. Agora, dois estados da região vivem situações opostas com eventos climáticos extremos. Fortes chuvas castigam o Acre, isolando cidades, tirando milhares de pessoas de suas casas e deixando pelo menos 3 mortos. Já em Roraima, calor e seca não dão trégua e ainda fizeram o estado bater recorde de queimadas.

O governo do Acre decretou emergência em saúde pública em razão das tempestades que assolam o estado desde 21 de fevereiro. O governo já havia decretado emergência anteriormente, mas o primeiro decreto se limitava ao meio ambiente. Desta vez, o foco é na saúde, explica O Globo.

No sábado (2/3) o número de cidades em emergência por conta da cheia dos rios subiu de 17 para 19. Milhares de pessoas tiveram de deixar suas casas em diversas localidades. Há pelo menos 24 mil pessoas deslocadas de suas residências, senso 8,5 mil desabrigados e 15,5 mil desalojados. Segundo a CNN, três pessoas morreram e um homem seguia desaparecido. Há estimativa de que 100 mil pessoas tenham sido atingidas por inundações. Em cidades como Brasiléia e Jordão, 80% do território estão debaixo d’água. 

Na capital, Rio Branco, o rio Acre atingiu no sábado a 5ª maior marca da história, com 17,52 metros, de acordo com o Poder 360. No domingo (3/3), chegou a 17,66 metros, segundo o ac24horas, mas mostrava estabilidade. A cheia do curso d’água atingiu 43 bairros de Rio Branco. Eram 1830 pessoas desabrigadas, 1446 desalojadas em 13 abrigos montados pela prefeitura da cidade.

Em Roraima, o problema é a falta de água. A seca é comum nesta época do ano no estado, mas atingiu níveis extremos. Em Pacaraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela, onde vivem mais de 19 mil pessoas, falta água encanada e os moradores precisam buscá-la em poços públicos, esperar por caminhões-pipa ou comprar o item, informa o g1.

Em meio à estiagem, que deve durar até abril, incêndios florestais consomem casas, animais e a vegetação. O INPE, que monitora a seca e as queimadas em todo o país, registrava 2 mil pontos de incêndio em Roraima até 28 de fevereiro. Isso equivale a 30% de todos os focos de incêndio registrados no Brasil.

Além de impactar a qualidade do ar, a segurança e a rotina de quem mora no estado, as chamas ainda atingem vegetação nativa da Amazônia e chegam até as Terras indígenas, relata o g1. Entre as sete TIs impactadas está a Terra Yanomami, que passa por uma grave crise de saúde.

Por causa do fogo em Roraima, não só o estado, como todo o Brasil, acabou batendo recorde de emissões provenientes das queimadas para o mês desde 2003, segundo o Copernicus, observatório meteorológico europeu. E tudo indica que a situação não deve dar muita trégua ao longo do ano, destaca Giovana Girardi na Agência Pública.

Há estimativas de que, globalmente, 2024 possa bater o recorde de 2023 como o ano mais quente. E uma pesquisa publicada na 5ª feira (29/2) na Scientific Reports estima que partes da Amazônia podem atingir picos de temperatura em decorrência da continuidade do El Niño.

Em tempo: A Polícia Federal prendeu na semana passada 22 pessoas no entorno da comunidade de Palimiú, localizada na TI Yanomami. Os suspeitos seguiam em direção a um garimpo ilegal, segundo a PF. A ação contou com agentes da Força Nacional e da FUNAI, informam Jornal Nacional, Folha BV e BNC Amazonas. Os agentes apreenderam uma arma, combustível e mantimentos.

 

 

ClimaInfo, 4 de março de 2024.

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