400 milhões de abelhas morreram em apenas três meses no Rio Grande do Sul, 50 milhões em Santa Catarina, 45 milhões no Mato Grosso do Sul e mais 7 milhões em São Paulo, somando quase meio bilhão de abelhas mortas. Segundo investigação da A Pública, as armas do crime foram os agrotóxicos à base de neonicotinoides e o Fipronil, um produto proibido na Europa há mais de uma década. No município gaúcho de Cruz Alta, morreram mais de 100 milhões. Segundo Salvador Gonçalves, presidente da associação de apicultores, “apareceram uns venenos muito bravos. Eles colocam de avião de manhã e, à tarde, as abelhas já começam a aparecer mortas”. A matéria conta que a aplicação aérea de alguns agrotóxicos chegou a ser proibida para proteger as abelhas, mas que a pressão de produtores conseguiu cancelar a proibição. O problema é agravado porque 20% da pulverização atinge áreas fora da lavoura, segundo informa a Embrapa, o que, pelo jeito, leva os agricultores a aplicar ainda mais veneno.
Na Alemanha, as abelhas também estão morrendo em massa, mas não por causa de agrotóxicos. Segundo um trabalho publicado nos Proceedings of the Royal Society, metade das 500 espécies de abelhas silvestres estão ameaçadas de extinção. Estas espécies têm em comum o hábito de percorrer os campos no final do verão. As colheitas costumavam se estender o começo do outono, quando o tempo permitia, e estas abelhas retardatárias tinham alimento suficiente. Agora, com a modernização da agricultura, a colheita termina até antes do final do verão e as retardatárias acabam encontrando menos alimento e morrem. Lá como cá, as abelhas são das principais polinizadoras de uma gama grande de lavouras. Mais um tiro no pé.
Em tempo: Janio de Freitas deu uma cutucada no presidente por querer proibir a importação de bananas do Equador, favorecendo um sobrinho plantador. E aproveitou para contar que, no Brasil, foram liberadas mais de mil moléculas de agrotóxicos desde 2016 e que “nos 42 dias úteis de janeiro e fevereiro, o governo Bolsonaro concedeu 74 novas licenças de agrotóxicos. Mais de 4 por hora de expediente”.