E pode vir por aí uma investida sobre uma área praticamente intocada da Amazônia. Trata-se do Projeto Barão do Rio Branco, que consiste principalmente na construção de uma ponte sobre o rio Amazonas nas proximidades de Oriximiná. Na margem direita, a ponte se conectaria à BR-163, a Cuiabá-Santarém, e na margem esquerda daria início a uma longa estrada até a fronteira com o Suriname. Analisando o mapa, fica difícil entender as obras. Para ligar Santarém (hoje o ponto final da BR-163) à ponte, será preciso uma outra ponte para atravessar as proximidades da imensa foz do Rio Tapajós. O trecho até o Suriname faz ainda menos sentido, porque o comércio com país vizinho é inexistente e a bauxita extraída em Porto Trombetas sai em barcaças. O governo fala também em uma hidrelétrica de 3.000 MW no Rio Trombetas, ideia que já aparecia em um plano de 2007 que não especificava exatamente a quais aproveitamentos se referia. Em todo caso, os estragos prometem ser grandes.
O processo adotado pelo sistema elétrico brasileiro passa pela realização de estudos prévios a cargo da EPE que visam colocar os aproveitamentos em leilões conforme planejamento prévio. Ontem, a EPE avisou que duas hidrelétricas entrarão em um leilão no ano que vem, a UHE Castanheira, com 140 MW e localizada na bacia do Juruena, um afluente do Tapajós, e a UHE Bem Querer, no Rio Branco, afluente da margem esquerda do Amazonas, que deve ter algo como 650 MW de potência instalada. Mesmo sem constarem do atual sonho amazônico do governo, estas duas já são velhas conhecidas e igualmente polêmicas pelo impacto socioambiental que provocariam.