A histórica corrupção do setor elétrico

O jornalista Lúcio Flávio Pinto detalhou as sistemáticas e os autores dos esquemas de corrupção que envolveram a construção das usinas hidrelétricas de Belo Monte e Tucuruí, esta última iniciada ainda sob a ditadura. Para detalhar o esquema de Belo Monte, ele se apoiou nas delações de Marcelo Odebrecht e diretores da empresa que contaram como foi montado o consórcio que tocou a obra e os montantes das propinas, da ordem de 1% do valor da obra. A ligação entre Belo Monte e Tucuruí é a figura do ex-ministro Antônio Delfim Netto. A Odebrecht pagou R$ 15 milhões como “uma ‘gratificação’ por ele ter ajudado a montar consórcios que disputaram a obra.” Tucuruí acabou custando mais de US$ 10 bilhões, o que, pelo câmbio atual daria mais do que foi gasto até agora em Belo Monte. Uma das maiores motivações para a construção de Tucuruí foram duas grandes plantas de alumínio, uma em Barcarena (a atual Hydro-Norsk) e outra, da Alcoa, em São Luiz do Maranhão, que assinaram um contrato de 20 anos de compra de eletricidade com um enorme desconto. Pinto diz que “para se ter uma ideia da grandeza do tema, recorde-se que o engenheiro Eliezer Batista, recentemente falecido, pai do ex-bilionário Eike Batista, declarou certa vez que, sem a corrupção na obra de Tucuruí, teria sido dispensável subsidiar” as duas fábricas. Ao longo de 20 anos de contrato de energia, as duas deixaram de pagar algo em torno de US$ 2 bilhões.

 

ClimaInfo, 22 de abril de 2019