Ruralismo-extremo quer acabar com Ibama, ICMBio, Funai e unidades de conservação

Ciro Barros faz na Pública um relato assustador de uma reunião para convidados do ministério da agricultura organizada pelo secretário especial de assuntos fundiários e über ruralista Nabhan Garcia e pela Federação de Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa). Orador após orador pedindo para o governo acabar com o Ibama, o ICMBio, o Incra e a Funai, pedindo a extinção de todas as unidades de conservação, as Terras Indígenas… Barros escreve que “diante da ministra, do ‘vice-ministro’ Nabhan e outras autoridades, como o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), general Jesus Corrêa, o presidente do Ibama, Eduardo Fortunato, e o secretário executivo da Secretaria de Governo, Mauro Biancamano, a principal exigência colocada à mesa pelos ruralistas foi a flexibilização radical (talvez o termo correto seja desmonte) da fiscalização ambiental feita em solo paraense (…) o radicalismo das demandas foi tamanho que levou os representantes do governo Bolsonaro à não usual posição de pedir ponderação, cautela e apego à institucionalidade aos presentes.”

Nabhan chegou a explicar que “não se acaba com a Funai como você tá dizendo. Aqui não tem espaço para a pirotecnia, me desculpe. Se tem alguém aqui formado em direito, sabe o que eu tô dizendo. Não é assim que se acaba com Funai, com Ibama, com Incra. Não é assim. Não se acaba, aí é pirotecnia.”

Discursaram, políticos e grileiros que desde o governo Temer tentam acabar com a proteção da Flona do Jamanxim e, também, políticos de Roraima que vivem em permanente guerra contra a Reserva Raposa Terra do Sol. Basicamente o mesmo grupo pediu, também em 2017, o fim do Fundo Amazônia.

Em tempo: a propósito do projeto de lei do senador Flávio Bolsonaro que quer extirpar a Reserva Legal do Código Florestal, Marcelo Leite, na Folha, escreveu uma matéria contundente com o título “Filho 01 é mais ruralista do que os reis do agro”.

 

ClimaInfo, 23 de abril de 2019.