Os dados sobre desmatamento que o governo não deveria ignorar

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Gente do governo, incluindo o presidente, o ministro Salles, o ministro-general Augusto Heleno – insiste repetidas vezes que não existem dados confiáveis para controlar o desmatamento. Carlos Rittl e Claudio Angelo, do Observatório do Clima, escreveram no Poder 360 que estas pessoas correm o risco de virarem vítimas da “maldição dos dados do desmatamento”.

Primeiro os fatos: a taxa de desmatamento atingiu um pico de quase 28 mil km2 em 2004 e caiu para menos da metade em três anos. As ações de comando e controle estavam baseadas nas fotos de satélite e na análise dos sistemas do INPE. Os mesmos que são tachados de imprecisos. De lá para cá, a área desmatada a cada ano vem aumentando, mas nunca passou de 8 mil km2 porque os sistemas continuavam a funcionar.

Os autores entendem que o governo quer um novo sistema, um que possa chamar de seu e que forneça dados que provem qualquer que seja a tese maluca que queiram defender. Por exemplo, que não existe mais desmatamento na Amazônia.

Carlos e Claudio lançam uma praga: “Se não insistisse em ignorar a história, o governo Bolsonaro saberia que tentar interferir nos dados do INPE dá azar. Como na proverbial maldição do faraó, todas as pessoas que tentaram fazer isso nos últimos 30 anos sofreram terríveis consequências.” E contam histórias de gente que, desde o governo Sarney, no século passado, perdeu emprego, prestígio e até a liberdade depois de ter tentado manipular os dados do INPE.

Desta vez, o risco é ainda maior porque a sociedade civil, dentro e fora do país, tem instrumentos que monitoram o desmatamento. Uma mentira terá uma perna do tipo “tudo pequenininho aí.”

 

ClimaInfo, 11 de junho de 2019.

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