PGR aponta crime organizado como responsável pelo desmatamento

crime organizado

O crime organizado é responsável direto pelo desmatamento na Amazônia, segundo a Procuradora Geral da República, Raquel Dodge. “As informações que temos é de uma associação estreita entre quem desmata e quem compra madeira (…) [A madeira] não é usada só no território brasileiro. Aliás, é poucas vezes usada no território nacional. Inclusive, porque o porto do escoamento é no Norte do Brasil, não é para dentro do Brasil.” Dodge acrescentou que desmatar é uma operação cara “porque adentrar a floresta, desmatá-la numa primeira fase com uso de mão de obra em condição escrava, carregar aquelas toras, encaminhá-las pelo rio até chegar ao porto, transportá-las de navio até o exterior, é obra de uma organização e de um engendramento que não é fruto de coautoria, de uma ação ocasional não planejada.”

A notícia foi publicada no site da Procuradoria e comentada pela Veja e pelo O Eco.

Um editorial do Estadão fala das várias modalidades de crime contra o meio ambiente na Amazônia: “O aumento dos focos de incêndio (…) é mais grave do que sugere o governo, já que, ao que tudo indica, está relacionado não a conspirações de organizações não governamentais, como insinuou o presidente da República, mas a organizações criminosas. Nesse caso, a repressão precisa ser implacável.”

O Repórter Brasil foi à região de Lábrea, AM, no sul do estado onde a maior parte da madeira processada nas serrarias é ilegal. O recado é: “A ausência de autoridades no sul da cidade dá carta branca para todos os tipos de crimes. Movida pela extração ilegal de madeira, a região vive também um caos fundiário e uma sucessão de assassinatos não resolvidos.”

Em tempo: a cada dia que passa, mais matérias sobre os incêndios e sobre a Amazônia são relatos de campo feitos por jornalistas que precisam gastar dias em barcos e em caminhadas por trilhas quase inexistentes para descobrir o que de fato está acontecendo. As matérias baseadas em fotos de satélite de um mês atrás não traziam a riqueza de detalhe das atuais.

 

ClimaInfo, 4 de setembro de 2019.

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