A ciência do clima identificou vários sistemas em que ultrapassar um dado limiar, os chamados “climate tipping points”, os levam a entrar em colapso ou passar, irreversivelmente, para um estado completamente diferente. Pesquisadores de várias universidades escreveram um Comentário na Nature Climate Change, avisando que talvez estejamos na eminência de ultrapassar vários deles.
Até agora, acreditava-se que só haveria o risco de isso acontecer se e quando o aquecimento global passasse de 5oC. No entanto, as observações estão mostrando que várias mudanças já estão acontecendo e em uma velocidade maior do que a prevista. Os dois últimos relatórios do IPCC indicam que certos pontos sem volta podem ser ultrapassados quando a temperatura chegar a ficar entre 1oC – 2oC, sendo que já passamos primeira marca.
A maior preocupação é com uma cascata de pontos sem volta:
- A redução da área de gelo no Ártico ajuda a aquecer o oceano Ártico, o que induz um maior derretimento do gelo na Groenlândia.
- Isso, além de acelerar o derretimento do permafrost, provoca mais incêndios nas florestas boreais. Ambos aumentam a temperatura da atmosfera.
- O oceano Ártico mais quente freia a circulação termoalina no Atlântico meridional, o que provoca secas mais fortes na Amazônia.
- A perda de cobertura florestal nos trópicos e no hemisfério norte contribui para aumentar ainda mais a temperatura da atmosfera que acaba chegando à Antártica, onde causa mais perda de gelo.
- Os mares mais quentes e mais ácidos destroem os corais.
- A biodiversidade global é brutalmente reduzida.
Vale ver as matérias da BBC, do The Guardian e do Financial Times a respeito do trabalho.
ClimaInfo, 3 de dezembro de 2019.
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