Negociações climáticas parecem estar avançando

negociações COP25

Ana Carolina Amaral, da Folha, conversou com gente envolvida nas complicadas negociações em torno das regras para tornar prático o Acordo de Paris que entra em vigor no ano que vem. Os dois temas mais intrincados são os que envolvem os mercados de carbono e as perdas e danos de países e povos vítimas das mudança climáticas.

A questão deste último é de onde viriam os recursos para ajudar populações vítimas de eventos como os dois tufões que devastaram Moçambique, o furacão que atingiu as Bahamas e uma das monções mais destrutivas que varreram o sul da Ásia – tudo este ano. Sem esquecer os 45 milhões de pessoas sofrendo com a seca na África. A responsabilidade maior pelo aquecimento global é, sem dúvida, dos países mais ricos que relutam em endossar as propostas. Um grupo internacional de igrejas apresentou ideias para taxar a extração de fósseis, taxar viagens aéreas, uma CPMF internacional e um imposto sobre danos climáticos.

Já nas negociações sobre os mercados de carbono, embora as falas reflitam um certo otimismo, ainda não há soluções claras para a questão da dupla-contagem (abatem de seus inventários nacionais tanto o país que comprou um crédito de carbono quanto o que o vendeu, ou seja, a mesma tonelada de carbono “desaparece” duas vezes) e se os créditos emitidos segundo o Protocolo de Kyoto são transferidos para os novos sistemas – coisa que muita gente diz não fazer o menor sentido.

A este respeito, Jocelyn Timperley, na Climate Change News, acrescenta que, além de muitas vezes duvidosos no que toca à real redução de emissões, os projetos de carbono tiveram impactos sociais bastante negativos, como no caso de grandes hidrelétricas. E há o temor de que as regras dos novos esquemas omitam garantias para populações afetadas por esses projetos.

 

ClimaInfo, 10 de dezembro de 2019.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

x (x)
x (x)