Notícias sobre o final fraco e frustrante da COP25

16 de dezembro de 2019

O documento final da COP25, que só se encerrou ontem, reforça a necessidade de os países aumentarem a ambição climática no ano que vem, mas não traz demandas específicas para isto. Não houve decisão quanto aos mercados de carbono. Sobre perdas e danos de países e povos por conta da mudança climática, só vagas recomendações e zero de concreto.

Os governos falharam em responder à altura à emergência climática. Apesar dos repetidos avisos da ciência, dos recordes de protestos e dos graves impactos climáticos, as negociações foram vítimas de governos que não estão à altura de um desafio global do tamanho do desafio climático. Observadores em Madri responsabilizaram os países do G20 pelo mau resultado, citando explicitamente EUA, Brasil, Austrália e Arábia Saudita. As grandes empresas fósseis, apesar de seus discursos melífluos pela sustentabilidade, agiram para minar a ambição climática.

Trump, Morrison e Bolsonaro são insensíveis aos incêndios violentos na Amazônia, em Sydney e na Califórnia deste ano. Grandes economias como as do Canadá, do Japão, da China e da Índia foram complacentes ao não oferecer mais apoio às nações vulneráveis diante dos impactos brutais e ao não pressionar por uma resposta coletiva mais efetiva em 2020.

É de António Guterres, secretário-geral da ONU, a melhor frase: “Não fazer essa transição (para uma economia de baixo carbono) só vai permitir, como eu disse, a sobrevivência dos mais ricos”.

Isabel Cavelier, da Mission2020, foi no mesmo sentido: “A distância entre a realidade e a negociação tem uma razão de ser que deve ser mencionada. Países cada vez mais poluidores, como Brasil, China, Índia, Estados Unidos e Austrália, estão impondo seus interesses e atrasando o progresso. Países vulneráveis, como a Colômbia, têm tudo a perder. Já não se trata de uma negociação de países desenvolvidos contra países em desenvolvimento. É cada vez mais uma negociação de países grandes contra países pequenos, em que os últimos estão perdendo”.

Jennifer Morgan, do Greenpeace, disse que “o resultado dessa COP é totalmente inaceitável”.

O presidente Bolsonaro disse que a COP é só um jogo comercial e por isso cancelou sua realização aqui no Brasil: “É um jogo comercial, eu não sei como o pessoal não consegue entender que é um jogo comercial”.

O Globo fez um balanço da Conferência: “Considerado ‘minimalista’, ‘frustrante’ ou ‘oportunidade perdida’ por participantes e observadores, o texto final da (…) COP25, adia para 2020 a tomada de decisões sobre ações coordenadas entre países contra o aquecimento global.”

Notícias sobre o final da COP saíram, por aqui, nos Estadão, Folha e Globo. Da Europa, vale a leitura das matérias de BBC, The Guardian, The Independent, El País, Deutsche Welle e Le Monde. Dos EUA, vale ler o Washington Post. O tom de todos foi de frustração. O UOL divulgou as declarações de Jennifer Morgan e Bolsonaro. A frase de Guterres saiu no Indian Express.

Em tempo: O Carbon Brief, num esforço enorme, conseguiu sintetizar em 11.700 palavras os resultados da COP25, e publicá-los apenas nove horas após a conclusão da Cúpula de Madrid.

 

ClimaInfo, 16 de dezembro de 2019.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

x (x)
x (x)

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar