Notícias sobre o final fraco e frustrante da COP25

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O documento final da COP25, que só se encerrou ontem, reforça a necessidade de os países aumentarem a ambição climática no ano que vem, mas não traz demandas específicas para isto. Não houve decisão quanto aos mercados de carbono. Sobre perdas e danos de países e povos por conta da mudança climática, só vagas recomendações e zero de concreto.

Os governos falharam em responder à altura à emergência climática. Apesar dos repetidos avisos da ciência, dos recordes de protestos e dos graves impactos climáticos, as negociações foram vítimas de governos que não estão à altura de um desafio global do tamanho do desafio climático. Observadores em Madri responsabilizaram os países do G20 pelo mau resultado, citando explicitamente EUA, Brasil, Austrália e Arábia Saudita. As grandes empresas fósseis, apesar de seus discursos melífluos pela sustentabilidade, agiram para minar a ambição climática.

Trump, Morrison e Bolsonaro são insensíveis aos incêndios violentos na Amazônia, em Sydney e na Califórnia deste ano. Grandes economias como as do Canadá, do Japão, da China e da Índia foram complacentes ao não oferecer mais apoio às nações vulneráveis diante dos impactos brutais e ao não pressionar por uma resposta coletiva mais efetiva em 2020.

É de António Guterres, secretário-geral da ONU, a melhor frase: “Não fazer essa transição (para uma economia de baixo carbono) só vai permitir, como eu disse, a sobrevivência dos mais ricos”.

Isabel Cavelier, da Mission2020, foi no mesmo sentido: “A distância entre a realidade e a negociação tem uma razão de ser que deve ser mencionada. Países cada vez mais poluidores, como Brasil, China, Índia, Estados Unidos e Austrália, estão impondo seus interesses e atrasando o progresso. Países vulneráveis, como a Colômbia, têm tudo a perder. Já não se trata de uma negociação de países desenvolvidos contra países em desenvolvimento. É cada vez mais uma negociação de países grandes contra países pequenos, em que os últimos estão perdendo”.

Jennifer Morgan, do Greenpeace, disse que “o resultado dessa COP é totalmente inaceitável”.

O presidente Bolsonaro disse que a COP é só um jogo comercial e por isso cancelou sua realização aqui no Brasil: “É um jogo comercial, eu não sei como o pessoal não consegue entender que é um jogo comercial”.

O Globo fez um balanço da Conferência: “Considerado ‘minimalista’, ‘frustrante’ ou ‘oportunidade perdida’ por participantes e observadores, o texto final da (…) COP25, adia para 2020 a tomada de decisões sobre ações coordenadas entre países contra o aquecimento global.”

Notícias sobre o final da COP saíram, por aqui, nos Estadão, Folha e Globo. Da Europa, vale a leitura das matérias de BBC, The Guardian, The Independent, El País, Deutsche Welle e Le Monde. Dos EUA, vale ler o Washington Post. O tom de todos foi de frustração. O UOL divulgou as declarações de Jennifer Morgan e Bolsonaro. A frase de Guterres saiu no Indian Express.

Em tempo: O Carbon Brief, num esforço enorme, conseguiu sintetizar em 11.700 palavras os resultados da COP25, e publicá-los apenas nove horas após a conclusão da Cúpula de Madrid.

 

ClimaInfo, 16 de dezembro de 2019.

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