Declarações contrárias ao controle ambiental feitas por políticos aceleram o desmatamento

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Estudo inédito do Instituto Socioambiental (ISA) revelou a correlação existente entre as declarações anti-meio-ambiente feitas por políticos e a disparada do desmatamento nas áreas por estes mencionadas, informa Fabiano Maisonnave na Folha.

Com base em dados dos sistemas PRODES e DETER-B, o estudo analisou falas como feitas por Bolsonaro, em abril, condenando uma operação do Ibama contra roubo de madeira na Flona do Jamari, em Cujubim (RO). Alí, o número de alertas de desmatamento entre abril e maio deste ano foi praticamente o dobro do mesmo período de 2018.

Em maio, o governador do Acre avisou que estava no comando e orientou produtores rurais de Sena Madureira a não pagarem as multas emitidas pelo IMAC. Por lá, houve 225% mais alertas de desmatamento entre junho e julho de 2019 do que nos mesmos meses de 2018.

A correlação entre os discursos pró-destruição das florestas e os picos de desmatamento apareceu também em Espigão d’Oeste (RO), após uma visita do ministro Ricardo Salles, e em Novo Progresso (PA), após o anúncio de operações de fiscalização.

O estudo do ISA não só comprovou que discursos de autoridades influenciam diretamente as taxas de desmatamento, como também apontou para um novo e expandido Arco do Desmatamento. 22 dos municípios que apresentaram maiores taxas de desmatamento em 2019 estavam localizados acima da área que se considerava incluída no Arco do Desmatamento, uma imensa faixa de supressão de floresta entre o oeste do Maranhão e o Acre, o que sugere uma expansão das frentes de desmatamento na Amazônia.

No Acre, a BR-364 influenciou a transformação de Tarauacá e Feijó em grandes focos de desmatamento. No Pará, a expansão da Transamazônica, a implantação de Belo Monte e a perspectiva de construção da Ferrogrão fizeram com que seis municípios de fora do Arco estivessem entre os mais devastados.

A importância das rodovias no avanço contra a floresta segue forte. Em Roraima, quatro municípios sob influência da BR-174 apresentaram altas taxas de desmatamento. Já no sul do Amazonas, a promessa de pavimentação da BR-319 tem incentivado o desmate em Humaitá e Canutama.

Antonio Oviedo, pesquisador do ISA e um dos autores do estudo, explica a dinâmica do novo Arco do Desmatamento: “Há uma expansão grande a oeste, pro lado do Acre, e principalmente a partir das BRs 319 e 163, que seriam a flecha desse Arco, entrando para o interior de floresta”.

 

ClimaInfo, 18 de dezembro de 2019.

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