Água potável vira caso de polícia

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Um levantamento feito pelo jornalista Patrik Camporez e pelo fotógrafo Dida Sampaio, para o Estadão, encontrou 63 mil Boletins de Ocorrência motivados por conflitos pela água nos últimos cinco anos. Os jornalistas foram atrás dos conflitos em 12 estados e no Distrito Federal e encontraram casos envolvendo hidrelétricas, companhias de abastecimento, Comunidades Tradicionais, fazendas, pequenas propriedades e indústrias.

O número de “zonas de tensão” permanentes acompanhadas pela Agência Nacional de Águas (ANA), cresceu de 30, há dez anos, para mais de 220 hoje em dia. Um dos rios mais críticos é o São Francisco. Vale a leitura de toda a matéria.

Na sua revisão de 2008 do estado da arte do conhecimento sobre as relações entre as mudanças no clima e água no Brasil e na América do Sul, o climatologista José Antonio Marengo já indicava que “as chances de ocorrerem períodos de intensa seca na região da Amazônia podem aumentar dos atuais 5% (uma forte estiagem a cada vinte anos) para 50% em 2030 e até 90% em 2100. Para o Nordeste, Marengo indicava que “o semiárido tenderá a tornar-se mais árido. Aumentarão a frequência e a intensidade das secas e se reduzirá a disponibilidade de recursos hídricos. Marengo indicava também que “mais de 70% das cidades do semiárido nordestino com população acima de cinco mil habitantes enfrentarão crise no abastecimento de água para o consumo humano até 2025, independentemente da megaobra de transposição do Rio São Francisco.”

Dadas estas previsões, é possível concluir que os conflitos pela água, o número de BOs relacionados, só aumentarão.

Em tempo: Na Austrália, os incêndios atingiram área de bacias hidrográficas importantes, deixando a terra exposta. A preocupação é com as próximas chuvas que poderão, se vierem com muita força, provocar deslizamentos, carregar cinzas, sedimentos e detritos até os cursos d’água que alimentam os reservatórios que abastecem grandes cidades. Além de reduzir a quantidade de água disponível, isso pode levar mais nutrientes que propiciam o florescimento de algas. Aliás, a matéria da AP estende esses riscos para outros países que enfrentam incêndios florestais mais frequentes e mais fortes. Mais um ponto para a lista de ações de adaptação.

 

ClimaInfo, 03 de fevereiro de 2020.

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