O asfalto da BR-163 chega ao porto de Miritituba

asfalto BR-163

As imagens de caminhões de soja atolados na lama da Cuiabá-Santarém sem asfalto devem desaparecer. Bolsonaro foi a Miritituba/Itaituba, no Pará, inaugurar o asfaltamento dos últimos 57 km da BR-163. A estrada atravessa a principal região de soja do norte do Mato Grosso. Miritituba e Itaituba são cidades vizinhas, separadas pelo Rio Tapajós. No porto, a soja é transferida dos caminhões para as barcaças que a levarão até os terminais próximos de Belém. O projeto da BR-163 prevê que o asfalto vá até Santarém, perto de onde o Tapajós encontra o Amazonas.

A matéria de Fernanda Wenzel, na Piauí, parte da BR para falar do projeto Calha Norte, sonho militar da época da ditadura. Em um dos projetos, o asfalto atravessaria o rio Amazonas em Oriximiná e seguiria por mais de 1.000 km pelo rio Trombetas e seus afluentes até a fronteira com a Guiana. A região toda é de floresta virgem e lar de Povos Indígenas e Quilombolas; lá uma estrada aberta é prenúncio de desmatamento e destruição.

Wenzel usa a história recente da própria BR-163, ao longo da qual, entre 2000 e 2018, só nos municípios paraense de Novo Progresso, Altamira e Trairão, foram destruídos cerca de 11.000 km2 de floresta, área equivalente a quase dez cidades do Rio de Janeiro. No ano passado, Novo Progresso ficou famosa por conta do “Dia do Fogo”, quando grileiros da região se juntaram para iniciar uma série de incêndios simultâneos nas áreas desmatadas. Um dos moradores do interior de Oriximiná, Raimundo Torres da Silva, contou que “só com essa notícia de que vão abrir a estrada já tem muita gente aí marcando terra. (…) É a famosa invasão. Se fizer a estrada, vai vindo gente, e não é pouca não.”

Vale ler a matéria com mais histórias, entrevistas e análises.

 

ClimaInfo, 17 de fevereiro de 2020.

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