O número registrado de chuvas de mais que 100 milímetros em São Paulo nos últimos 20 anos é maior do que o ocorrido nos 60 anos que vão de 1940 a 2000.
Como lembra Herton Escobar no Jornal da USP, “o evento mais recente desse tipo foi a tempestade de 114 milímetros que paralisou São Paulo em 11 de fevereiro, causando deslizamentos e inundações em várias regiões da metrópole. Isso equivale a metade da quantidade de chuva esperada para todo o mês (cerca de 220 mm, em média), despencando sobre a cidade num único dia.”
A comparação está em um trabalho que acaba de sair na Annals of the New York Academy of Sciences, no qual pesquisadores compilaram os dados de estações meteorológicas da região metropolitana. São Paulo está deixando de ser a terra da garoa para virar algo bem mais molhado: o volume total de chuvas que caiu nas décadas de 1940 e 1950 esteve na faixa de 1.000 a 1.500 mm/ano. Desde 2000, vem caindo 1.500 a 2.000 mm/ano.
O físico e climatologista Paulo Artaxo, da USP, avisa na sua página no Facebook que “não há dúvida: aumento por fator 6 na frequência de eventos climáticos extremos em São Paulo (….) É melhor a cidade se preparar (…) E claro que isso não acontece só em São Paulo, mas em todo lugar. [A] adaptação vai custar caro.”
Em tempo 1: O “em todo lugar” inclui o Reino Unido, onde o mês de fevereiro também foi o mais molhado nos registros, segundo o The Independent. Os galeses enfrentaram neste mês a tempestade Jorge, a segunda a provocar inundações sérias nas terras de Sua Majestade.
Em tempo 2: Chuvas de mais de 100 mm se tornaram normais no Rio. Uma nova chuva deste tamanho caiu sobre a cidade neste final de semana; até a noite de ontem eram contabilizadas quatro mortes, dezenas de deslizamentos e centenas de desabrigados. Na estação meteorológica de Bangu, em apenas uma hora, choveu o equivalente a 44% da média histórica do mês de março.
ClimaInfo, 2 de março de 2020.
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