O coronavírus matou 3.000 pessoas até agora. A poluição do ar matou milhões no ano passado e deve ser a causa de mais milhões de mortes neste ano. No Brasil, por enquanto, ninguém morreu por conta do novo coronavírus, mas as chuvas mataram mais de 150 pessoas só neste começo de ano.
Owen Jones discute no The Guardian porque a mobilização de governos em função do novo vírus não é replicada com a mesma intensidade e rapidez no enfrentamento da emergência climática: “Embora o coronavírus seja tratado como um perigo iminente, a crise climática ainda é apresentada como uma abstração cujas conseqüências estão a décadas de distância. Ao contrário de uma doença, é mais difícil visualizar como o colapso climático afetará a cada um de nós enquanto indivíduos.” Jones aponta para outra diferença crucial entre o clima e vírus: a vergonha. Enquanto ninguém previu o Covid-19, não só a dimensão da crise climática é conhecida há mais de 30 anos, como somos os responsáveis diretos por ela.
Ruby Russell também compara as duas crises na Deutsche Welle. Na China, o vírus provocou uma brusca queda na atividade econômica e a consequente redução de emissões. Praticamente do dia para a noite, a economia chinesa movida a carvão mineral cortou em 25% suas emissões.
Pegando carona no vírus, essas reduções de emissão também estão se espalhando pelo mundo. A aviação internacional foi uma das primeiras a ser atingida, levando à falência uma das companhias de baixo custo, a Flybe. A demanda por petróleo está no nível mais baixo desde a crise financeira de 2008. Russel diz que “o vírus está exigindo que a humanidade mude seus hábitos de maneiras que poderão constituir uma contribuição de mais longo prazo para a proteção climática: trabalhar de casa, videoconferências, jornadas semanais mais breves ou horários de escritório alternados para reduzir o tráfego”.
ClimaInfo, 9 de março de 2020.
Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.
