Armando um quiprocó com a China para desviar o foco

20 de março de 2020

Agindo segundo a superpraticada tática desvio da atenção do principal, Eduardo Bolsonaro deu uma pancada no governo chinês responsabilizando-o pela pandemia. Os chineses, até há pouco conhecidos por seu pragmatismo e fleuma, deixaram os panos quentes de lado, repreenderam o moço duramente e exigiram uma retratação.

Passadas muitas horas sem resposta, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, enviou uma mensagem ao embaixador chinês pedindo desculpas em nome da Câmara, e a Frente Parlamentar da Agropecuária divulgou uma nota dizendo que “a China é parceira de longos anos do Brasil com quem temos excelente relação comercial e de amizade. Fica aqui também o nosso mais profundo desejo de união para combatermos o novo Coronavírus juntos, sem maiores prejuízos à vida humana e às relações internacionais globais.”

O vice-presidente, general Mourão, também entrou na conversa dizendo que “(a declaração) não é motivo de estresse, pois a opinião de um parlamentar não corresponde à visão do governo. Nenhum membro do governo tocou nesse assunto.” Mourão sem querer criou um novo meme nas redes sociais, que estão chamando o filho zero-três de “Eduardo Bananinha”.

Já o chanceler Ernesto Araújo entrou atirando no que só ele viu, dizendo que era “inaceitável que o embaixador da China endosse ou compartilhe postagem ofensiva ao chefe de Estado do Brasil e aos seus eleitores, como infelizmente ocorreu ontem à noite”. Não há menção ao presidente em nenhum dos posts chineses.

Ontem à noite, a Embaixada da China disse em nota oficial esperar “que o Itamaraty possa tomar ciência do grau de gravidade deste episódio e alertar o deputado Eduardo Bolsonaro a tomar mais cautela com seus comportamentos e palavras”. A nota diz também que a China espera que uma minoria do lado brasileiro “não subestime a nossa resolução e capacidade de salvaguardar os nossos próprios interesses.”

O quiprocó começou no mesmo dia da primeira coletiva de Bolsonaro-père, cercado de ministros ainda negativados, e no dia do panelaço contra o presidente. A tática parece não ter funcionado, dadas as críticas à coletiva e aos gritos de “Fora Bolsonaro” ouvidos nas principais cidades do país.

As notícias saíram em todo lugar. Por exemplo, na CNN Brasil, Estadão, n’O Globo e repercutiu lá fora também.

 

ClimaInfo, 20 de março de 2020.

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