“A crise do coronavírus pode ser didática para que se entenda o esforço gigantesco que o mundo tem que fazer para conter as emissões de gases-estufa se o que se pretende é limitar o aumento da temperatura em 1,5°C neste século (…) Teme-se agora que, quando o pesadelo da pandemia terminar, as pessoas voltem a consumir um mar de inutilidades para saciar a demanda reprimida durante o isolamento. E assim façam as emissões explodir.” Daniela Chiaretti, no Valor, toca em uma discussão chave neste momento.
Mas, se no restante do mundo isto implicaria deixar para trás a era do petróleo, do carvão e do gás, o problema aqui no Brasil são as emissões do desmatamento, que dão sinais concretos de que explodirão mais uma vez neste ano. Desta vez, virão encorpadas pela redução da fiscalização provocada pelas quarentenas de fiscais e pela ação deletéria do ministro do meio ambiente. E serão reforçadas pelos sinais do governo de que não punirá quem invade Terras Indígenas e grila Terras Públicas.
Chiaretti traz um alerta do físico Paulo Artaxo sobre um risco adicional que ganhou destaque especial neste ano: a destruição de habitats naturais aumenta as chances de novos vírus chegarem aos humanos e dispararem outras pandemias: “Nunca estaremos livres que ocorram”, diz Artaxo, “mas nossa obrigação é proteger. Estamos falando de salvar vidas e o sistema econômico. É preciso reestruturar para reduzir o risco de que aconteçam outros desastres como este [da COVID-19]”.
Vale também ler o artigo de Estevão Ciavatta, n’O Globo, falando da relação entre a destruição da natureza e as doenças, epidemias e pandemias em todo o mundo: “A perda da Floresta Amazônica comprometerá nossa identidade, nossa biodiversidade, nossa economia, nosso abastecimento de água, nossa agricultura, nossa cultura e, não menos importante, nossa saúde.”
ClimaInfo, 22 de abril de 2020.
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