Em uma manobra ousada, servidores do Ibama publicaram no site do órgão uma nota enviada à sua direção por um grupo de fiscais. A nota demanda a suspensão do processo de exoneração dos dois chefes responsáveis pelos setores que realizam as maiores operações de repressão a crimes ambientais no país.
Talvez como represália pela recente operação contra posseiros e garimpeiros no sul do Pará, na semana passada o ministro do meio ambiente demitiu o diretor de Proteção Ambiental que ele mesmo tinha contratado. A demissão dos dois chefes viria na sequência. O ministro Salles disse recentemente que o ministério está aproveitando o momento para reestruturar o órgão.
Rubens Valente, no UOL, informa que, na nota, os fiscais afirmam que “esse processo, além de caracterizar retaliação, caminha no sentido de dificultar com eventual obstrução do regular andamento das investigações em curso. Isso, pois, neste momento, a CGFIS [Coordenação-Geral de Fiscalização Ambiental] e a COFIS [Coordenação de Operações de Fiscalização] vêm atuando de maneira efetiva em processo de fiscalização e investigação das causas do desmatamento em Terras Indígenas, objeto de competência primária do Ibama”. E os dois chefes “desempenham papel de líderes cuja gestão possibilita o desenvolvimento de trabalho cooperativo e profissional no combate aos delitos ambientais.”
Valente diz que, na nota, os fiscais ameaçam dificultar e até interromper operações em curso.
ClimaInfo, 23 de abril de 2020.
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