Governo arma plano de muitos bilhões sem o ministro da economia

Plano Marshall

O governo Bolsonaro anunciou a montagem de um plano de expansão de projetos de infraestrutura como meio de dinamização da economia e aumento da oferta de empregos no pós-COVID-19. O plano está sendo comparado pelo governo ao Plano Marshall, aquele que os norte-americanos implantaram para recuperar parte da Europa no pós-guerra e impedir o avanço soviético.

Se investir em infraestrutura faz sentido, a escolha dos projetos aponta menos para o benefício social e mais para o privado. São rodovias e ferrovias cortando a Amazônia e o Centro Oeste, são novos portos e portos em modernização, obras que beneficiam muito mais o setor agroexportador do que aqueles que mais estão sofrendo com a pandemia.

Os empregos gerados pelas obras desaparecem ao final, mas os eventuais benefícios e os muito prováveis custos sociais e ambientais permanecem. As dívidas pública e privada para a implantação destas obras, por exemplo, serão pagas por toda a nação – seja diretamente por meio de impostos, seja pela agudização ainda maior da desigualdade. E mais, obras na Amazônia sem o estabelecimento e a fiscalização intensa de condicionantes sociais e ambientais certamente trarão mais desmatamento e mais destruição da natureza, o que pode criar condições ideais para mais epidemias e mais miséria.

E é espantoso que o novo plano seja capitaneado pela Casa Civil e operacionalizado pelos ministérios da infraestrutura e desenvolvimento regional, sem a participação, até o momento, do ministro Guedes e, também, sem a participação do Ibama, organismo que terá que licenciar (ou não) os empreendimentos.

O anúncio da montagem do novo plano foi matéria da Folha, dos Estadão, CNN Brasil, Valor e d’O Globo.

 

ClimaInfo, 23 de abril de 2020.

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