As promessas de investimentos verdes e a realidade dos incentivos pós-pandemia

20 de maio de 2020

O Deutsche Bank anunciou a injeção de ao menos 200 bilhões de euros no financiamento de projetos e investimentos verdes até 2025. O anúncio reforça um movimento intensificado nas últimas semanas nos países europeus em torno de incentivos para a recuperação econômica alinhados com compromissos de desenvolvimento sustentável e redução de emissões de gases de efeito estufa.

Entretanto, até agora, as promessas se resumem a isso mesmo – promessas. De acordo com um levantamento realizado pela Vivid Economics, mais de ¼ dos incentivos fiscais implementados em 16 das maiores economias do planeta beneficiam setores econômicos com alto impacto ambiental e climático.

A nova edição do Green Stimulus Index mostra que aproximadamente US$ 2,2 trilhões poderão ser destinados a empresas que causam degradação da diversidade biológica, poluição e emissões de gases de efeito estufa. No índice, o Brasil se encontra entre os países com pior desempenho em termos de incentivos verdes até agora, junto com Indonésia, China, Rússia, México, Índia e EUA. A situação política atual também prejudica a condição do país no longo prazo, já que o desmatamento cresce e o governo segue desmontando as salvaguardas ambientais.

O Financial Times publicou um editorial nesta mesma linha. Diz que uma das primeiras lições da pandemia é que os governos precisam “se preparar melhor para o pior”. Se tiveram pouco tempo para enfrentar a COVID-19, já perderam muito tempo para lidar com a emergência climática e deveriam aproveitar o momento para incluir a mitigação das emissões como parte intrínseca dos esforços de recuperação.

Do mundo empresarial, o Valor trouxe a palavra de Larry Fink, CEO da BlackRock, a maior em gestão de ativos no mundo: “Acredito que soluções para a mudança climática serão a próxima grande questão (…) estamos vivendo o impacto físico da mudança climática, mas estamos em negação”.

Nos últimos foram feitos vários anúncios de ações pelo clima por grandes corporações globais. Nos EUA, a LEAD on Climate, em nome de 330 grandes empresas, quer unir republicanos e democratas no Congresso para “construir de volta uma economia melhor por meio da infusão de soluções climáticas resilientes e de longo prazo em futuros planos de recuperação econômica.” A UN Global Compact, que junta mais de 160 das maiores corporações globais, declarou que, “como estamos estabelecendo metas ambiciosas de redução de emissões corporativas por meio da iniciativa Science Based Targets e a campanha Business Ambition para 1,5°C, continuamos empenhados em fazer a nossa parte para atingir uma economia resiliente e sem emissões. Estamos agora exortando os governos a priorizar uma transição mais rápida e justa de uma economia cinza para uma economia verde, alinhando políticas e planos de recuperação com a mais recente ciência climática.”

 

ClimaInfo, 20 de maio de 2020.

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