Avanço do ciclone Amphan desafia Índia e Bangladesh em plena pandemia

20 de maio de 2020

O ciclone Amphan atingiu ontem (20/5) o litoral leste da Índia próximo a Bangladesh, matando, até o final da tarde de ontem, ao menos 15 pessoas e causando deslizamentos de terra e enchentes. Quase três milhões de pessoas tiveram que ser evacuadas nos dois países antes da chegada da tempestade, a mais forte a ocorrer na Baía de Bengala desde 1999.

Ondas de mais de cinco metros foram registradas em diversos pontos da costa leste indiana, sendo que a água do mar chegou a avançar cerca de 25 quilômetros em algumas localidades. A região atingida pelo Amphan concentra diversos campos de refugiados Rohingya que fugiram de Mianmar para Bangladesh nos últimos anos, por conta de perseguição política, religiosa e étnica. O maior campo de refugiados do mundo fica nessa zona, mas não deve ser atingido pelos ventos mais fortes do ciclone.

A situação está mais complicada por duas razões. O ciclone chegou no meio do Ramadã, mês sagrado para o Islã, no qual os fiéis fazem jejum durante o dia e se alimentam à noite. Muitos só deixaram suas casas e se refugiaram em abrigos depois da ceia noturna, o que atrasou o trabalho de evacuação. Mas outro problema tem sido ainda mais desafiador para o trabalho das equipes de prevenção e socorro: a quarentena que vem sendo aplicada nesses países por causa da pandemia de COVID-19.

Mais de 58 milhões de pessoas vivem nas áreas atingidas pelo Amphan, e os esforços de evacuação inviabilizam qualquer medida de distanciamento social. Isso significa que, para as autoridades indianas e bengalesas, existe o risco de que o número de casos de COVID-19 aumentem na região nos próximos dias, o que pode trazer mais problemas para a rede de atendimento médico local.

Em tempo: Do outro lado do mundo, fortes chuvas atingiram o estado de Michigan (EUA), o que causou o rompimento de duas barragens na região do condado de Midland, forçando mais de 10 mil pessoas a abandonar a área antes da subida da água. Estima-se que a enchente pode chegar a mais de dois metros de altura em algumas localidades.

Outra preocupação das autoridades locais é que o rompimento das barragens atingiu uma fábrica e a sede global da Dow Chemical, uma das maiores companhias químicas do mundo. Um porta-voz da empresa reconheceu que a água invadiu estoques de substâncias químicas, o que pode causar contaminação tóxica de proporções ainda incertas na região.

 

ClimaInfo, 21 de maio de 2020.

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