A mais que reconhecida primatologista britânica Jane Goodall foi contundente: a humanidade estará “acabada” se não mudar drasticamente seus sistemas alimentares em resposta à pandemia e à crise climática. “Nós causamos esse problema para nós mesmos por causa de nosso absoluto desrespeito aos animais e ao meio ambiente”, disse Goodall. “Nosso desrespeito aos animais selvagens e aos animais em cativeiro criou essa situação, onde uma doença pode se adaptar e infectar seres humanos”.
Para ela, para evitarmos novas pandemias devemos abandonar a agropecuária industrializada e a destruição dos habitats naturais, atividades que estão relacionadas com o surgimento de zoonoses e de microorganismos resistentes a antibióticos. “Uma das lições aprendidas nesta crise é que precisamos mudar nossas condutas. E os cientistas nos alertam que, para evitar crises futuras, precisamos mudar drasticamente nossas dietas e consumir mais alimentos baseados em plantas, para o bem dos animais, do planeta e da saúde de nossos filhos”.
Nessa transformação, o combate à fome é central. A pandemia evidenciou o grau de vulnerabilidade de muitas comunidades, especialmente dos países mais pobres, às desigualdades no acesso à comida. Mesmo a industrialização da produção agrícola observada nas últimas décadas não foi capaz de impedir que milhões de pessoas passassem fome em todo o mundo por causa do desaquecimento brutal da economia mundial por causa da COVID-19.
No Climate Home, Teresa Anderson, da ActionAid, dá destaque a uma constatação nos imposta pela pandemia: as pequenas cadeias de suprimento, compostas por pequenos produtores com foco nas vendas locais, foram as menos afetadas pela quarentena. “Esta abordagem pode ajudar os sistemas alimentares a serem mais resistentes a pandemias e melhores para o clima, ao mesmo tempo que permite aos agricultores e às economias locais prosperar”, afirma Anderson.
ClimaInfo, 4 de junho de 2020.
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