A britânica BP anunciou ontem (15/6) ter revisado para baixo o valor de seus ativos em óleo e gás, com depreciação de até US$ 17,5 bilhões, após reavaliação das expectativas de longo prazo sobre os preços internacionais destes produtos à luz da pandemia.
A empresa acha que os efeitos profundos da pandemia sobre a economia global persistirão nos próximos anos, o que pode acelerar a pressão para que o setor de óleo e gás acelere a transição para fontes renováveis de energia.
Para o Financial Times, o anúncio é o reconhecimento mais explícito feito por uma gigante petrolífera do risco de que dezenas de bilhões de dólares em investimentos possam se tornar economicamente inviáveis por conta da crise climática e dos esforços internacionais para redução de emissões no âmbito do Acordo de Paris.
Pelas previsões da BP, os preços do barril de petróleo do tipo Brent e do gás natural devem ser 27% e 31% menores, respectivamente, para o período de 2020 a 2050. A companhia anunciou também que revisará seu plano de investimento em exploração, o que significa que parte do petróleo que pretendia explorar nas próximas décadas não sairá das reservas – o que é uma boa notícia para o clima global.
O movimento de desvalorização do petróleo no mercado global já vinha acontecendo há alguns anos, mas foi aprofundado pelos conflitos entre Rússia e Arábia Saudita, e pelos efeitos econômicos da pandemia, fatores que jogaram os preços internacionais para patamares historicamente muito baixos. No médio prazo, o mercado não espera aumento da demanda pelos combustíveis com o fim das quarentenas, o que significa que a recuperação do setor pode ser bem mais demorada e complicada.
ClimaInfo, 16 de junho de 2020.
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