O futuro da mobilidade urbana no pós-pandemia

mobilidade urbana

A passagem da COVID-19 pelas grandes cidades do mundo pode deixar marcas profundas em sua dinâmica de mobilidade. Em algumas metrópoles, especialmente na Europa e nos EUA, essas transformações já podem ser vistas: menos carros nas ruas, mais bicicletas e caminhadas ao ar livre, e distanciamento entre as pessoas no transporte público. A “nova realidade” que surge no pós-pandemia desafia gestores e moradores das grandes metrópoles a repensar seus modelos de mobilidade, já que a lógica do transporte em massa entre pontos distantes da cidade é hoje um risco sanitário.

Para Luis Lindau e Sergio Avelleda, do WRI, as mudanças precipitadas pela pandemia podem ser aproveitadas para a criação de um ciclo virtuoso para a mobilidade urbana. Em artigo no Valor, eles esboçam um modelo com três fases. Na primeira, por conta da necessidade de distanciamento social, as cidades devem ampliar os espaços para pedestres e ciclistas, com foco em trajetos mais curtos e pontuais. Na segunda, que eles chamam de “valorização dos espaços públicos livres de aglomeração”, devem ser aplicadas restrições ao uso de automóveis em determinados espaços das cidades, o que pode levantar recursos para que os governos subsidiem e qualifiquem o transporte público. Por fim, devem ser remodeladas as vias com uma distribuição de espaço mais equilibrada entre pedestres, ciclistas e automóveis, e devem ser consolidadas as transformações iniciadas nos estágios anteriores.

Esse caminho pode nos permitir vivenciar com mais frequência o que talvez tenha sido uma das experiências mais catárticas desta pandemia em muitas cidades: ver o céu limpo no horizonte de nossas cidades.

Em tempo: Vale a pena ler o artigo do urbanista Roberto Andrés na edição deste mês (junho/2020) da revista Piauí. Ele faz uma reflexão histórica sobre o desenvolvimento das cidades, especialmente no Brasil, e sobre como a pandemia explicitou as desigualdades sociais que nelas existem, representadas particularmente pela maior vulnerabilidade das periferias tanto ao contágio pelo vírus quanto aos desastres climáticos, como enchentes e deslizamentos de terra.

 

ClimaInfo, 17 de junho de 2020.

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