COVID-19 ameaça Povos Indígenas Isolados

COVID-19 indígenas isolados

Os Povos Indígenas seguem sendo um dos grupos sociais mais afetados pela pandemia de COVID-19 no Brasil. Sem apoio do poder público, ameaçados por invasores e garimpeiros, e com pouco acesso aos serviços básicos de saúde, os indígenas brasileiros enfrentam sozinhos o novo coronavírus, que deixa um rastro sem fim de contágio e de mortos.

Joana Oliveira alerta no El País: a pandemia está se aproximando de Povos Indígenas Isolados. De acordo com a Funai, 16 casos de contágio pelo coronavírus foram registrados no Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas, onde existe a maior concentração de tribos isoladas do muYanomamisndo. A situação é preocupante também na Terra Indígena do Parque do Tumucumaque, na fronteira de Amapá e Pará com o Suriname, onde 23 pessoas já foram infectadas, inclusive uma mulher grávida de cinco meses. Os líderes indígenas da região acusam as Forças Armadas de ter levado o coronavírus para a região.

A situação dos Povos Indígenas “é de vulnerabilidade imunológica e política”, afirmou Dinaman Tuxá, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB). “Existem, no Brasil, 174 territórios em que vivem povos isolados. A Constituição determina que o governo respeite o isolamento dos Povos Indígenas que vivem nessa situação, mas isso não acontece”, aponta Tuxá, que cita como exemplo a nomeação recente de um missionário cristão para o departamento de Povos Isolados da Funai.

Enquanto isso, o Senado Federal aprovou na 3ª feira passada (16/6) um plano de enfrentamento emergencial à COVID-19 nos territórios indígenas. O projeto exige que o governo federal defina uma estratégia para preservar a saúde e a segurança alimentar dos indígenas e quilombolas, com a distribuição de materiais de higiene e testes a aldeias, a formação de equipes para o atendimento de saúde e a garantia de leitos de UTI para cuidado dessas pessoas. O texto segue agora para sanção presidencial. Estadão e O Globo dão mais detalhes sobre as medidas.

No plano internacional, grupos Yanomami encaminharam à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), junto com o Conselho Nacional dos Direitos Humanos, um ofício pedindo que o colegiado oriente o governo brasileiro a retirar todos os garimpeiros que operam ilegalmente na TI Yanomami. Estima-se que haja mais de 20 mil garimpeiros na região atualmente, que acabam servindo como os principais vetores de contágio aos indígenas.

 

ClimaInfo, 18 de junho de 2020.

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