Índia segue a China e investe em carvão para reaquecer economia pós-pandemia

carvão Índia

Enquanto o carvão segue em decadência na Europa e nos Estados Unidos, os mercados emergentes na Ásia seguem com apetite crescente. Da mesma forma que os chineses, a Índia está enxergando no carvão uma solução para o reaquecimento de sua economia após a pandemia.

O governo indiano lançou licitação para exploração de 42 blocos de minas de carvão no país para empresas privadas, com o objetivo de diminuir a dependência de importações deste combustível e incentivar o crescimento econômico no leste e no centro do país. Esse anúncio foi visto como um movimento “desesperado” do primeiro-ministro Narendra Modi para impulsionar investimentos no setor carvoeiro, à despeito da perspectiva de declínio nas próximas décadas, informa Chlóe Farand no Climate Home.

No entanto, com o barateamento crescente de tecnologias mais limpas, como eólica e solar, existem dúvidas sobre a efetividade desta medida – que, ao invés de receita, pode acabar criando “ativos encalhados” que não poderão ser utilizados para gerar energia por causa da falta de competitividade do carvão. Além disso, boa parte das áreas em licitação se localizam em zonas ambientais vulneráveis e terras de comunidades nativas, o que pode criar problemas ambientais e sociais no país.

A insistência desses mercados asiáticos com o carvão é o que ainda sustenta este combustível no cenário internacional, como destaca a Bloomberg. A Ásia deve impulsionar a demanda global por carvão na próxima década, à medida que o consumo cai em outras partes do mundo. A participação do continente no total da demanda global deve crescer dos 77% atuais para 81% até 2030.

Ao mesmo tempo em que impulsiona o consumo de carvão, o governo indiano alerta sobre os efeitos da queima deste e de outros combustíveis fósseis no país. Um relatório de avaliação das mudanças climáticas produzido pelo governo do país alerta que a crescente propensão a secas e inundações devido às mudanças nos padrões de chuva causados pelas mudanças climáticas é prejudicial à recarga das águas superficiais e subterrâneas, ameaçando a segurança hídrica do país.

 

ClimaInfo, 22 de junho de 2020.

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