Para conter crise climática, apenas plantar árvores não funciona

23 de junho de 2020

Uma das panaceias mais recentes no debate sobre como fazer frente às mudanças do clima é o cultivo em massa de florestas ao redor do mundo. Nos últimos tempos, proliferaram-se iniciativas que pretendem plantar de milhões a trilhões de árvores, com o objetivo de aumentar a capacidade natural do planeta absorver carbono e, assim, diminuir sua concentração na atmosfera terrestre. O problema é que “plantar árvores”, pura e simplesmente, pode causar mais dano do que benefício para o meio ambiente e para o clima. Esta é a conclusão de dois estudos divulgados recentemente.

O primeiro, publicado por pesquisadores chilenos, belgas e norte-americanos na Nature, analisa os resultados de uma iniciativa de reflorestamento empreendida pelo governo do Chile entre 1986 e 2011. De acordo com o estudo, a abordagem do projeto acabou prejudicando o cumprimento de seu objetivo. Isso porque, na maior parte dos casos, o reflorestamento se deu a partir de monoculturas (mais baratas e fáceis de realizar), frequentemente de espécies exóticas ao ecossistema local. Assim, mesmo com a recuperação da cobertura vegetal, não houve uma melhora na capacidade de absorção de carbono e de resiliência da diversidade biológica, que seguiu prejudicada pela perda de mata nativa e de espécies de flora características dessas regiões.

Já o segundo estudo, publicado por pesquisadores chineses também na Nature, analisou quanto carbono uma floresta recém-plantada pode absorver da atmosfera. Até recentemente, estimava-se essa quantidade usando uma proporção fixa, sem considerar peculiaridades locais. O estudo observou esse processo no norte da China, onde o governo vem empreendendo um grande projeto de reflorestamento para combater a mudança do clima e diminuir a poeira do deserto de Gobi. Observando 11 mil amostras de solo retiradas de áreas reflorestadas, os pesquisadores descobriram que, em solos pobres em carbono, a adição de novas árvores aumentou a densidade de carbono orgânico. Mas em solos que já eram ricos em carbono, o cultivo das novas árvores diminuiu essa densidade.

 

ClimaInfo, 24 de junho de 2020.

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