Uma geração de líderes indígenas que padece sob a COVID-19 e o descaso do Estado

pandemia indígenas

“Estamos enfrentando uma extinção”. Esta fala de Dinamam Tuxá, coordenador-executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), ao jornalista Dom Phillips, do Guardian, explicita a situação delicada que muitas aldeias indígenas seguem enfrentando com a pandemia.

Além das vidas perdidas, o coronavírus – e a incompetência e a leniência do Estado brasileiro – está levando consigo também o conhecimento ancestral de muitas tribos, vitimado com a morte de anciãos e lideranças mais velhas. “É como se uma biblioteca estivesse sendo queimada porque, sem ela, a gente não tem como aprender, o que ensinar para os filhos”, disse Alessandra Korap, liderança munduruku, ao Nexo Jornal. “Todo mundo está sujeito a morte e doença, mas com a pandemia vem acontecendo tudo muito rápido e não tem havido tempo de transmitir esse conhecimento, essa orientação”.

De acordo com a APIB, até o sábado (20/6), 332 indígenas morreram por conta da COVID-19, que infectou 7.208 pessoas. No entanto, a subnotificação é alta, esses números devem ser ainda maiores. No caso dos indígenas, dois fatores podem influenciar na letalidade do vírus. “O primeiro é biológico, pois alguns indígenas têm a imunidade mais baixa, porque não tiveram acesso às campanhas de vacinação”, explica Tuxá ao Correio Braziliense. “[Além disso] há ausência do Estado em aplicação de políticas estruturantes que garantam a integridade das comunidades”.

 

ClimaInfo, 23 de junho de 2020.

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