Perdemos o “descarbonário” Alfredo Sirkis

Alfredo Sirkis

O Brasil perdeu um gigante da defesa da democracia e do meio ambiente: o jornalista, escritor e ambientalista Alfredo Sirkis, morto na 6ª feira em um acidente de carro no Rio de Janeiro, aos 69 anos.

O nome de Sirkis se confunde com a trajetória do movimento ambientalista brasileiro e com o esforço pela redemocratização do Brasil no último meio século. Militante estudantil nos tempos da ditadura, Sirkis reinventou-se após a queda da ditadura como uma das principais lideranças brasileiras pela preservação do meio ambiente.

Nos últimos dez anos, Sirkis se envolveu ativamente nas discussões nacionais e internacionais sobre clima. Em 2015, liderou a criação do think tank Centro Brasil no Clima (CBC) e, no ano seguinte, assumiu a coordenação executiva do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC), de onde saiu no começo de 2019. Uma das pautas mais trabalhadas por Sirkis nesse período foi o desenho de um esquema de “precificação positiva” do carbono.

O ClimaInfo teve a honra de contar com a sabedoria de Sirkis em todos esses anos, destacando nesta newsletter, no nosso website e nas nossas redes sociais com diversos de seus artigos, entrevistas e publicações. Mais recentemente, divulgamos aqui o lançamento e a repercussão de seu último livro, “Descarbonário”, uma obra que reconstitui a trajetória política e ambientalista de Sirkis e destaca suas principais reflexões sobre a crise climática e os caminhos para sua superação.

Lamentamos profundamente sua morte e celebramos o legado incrível que ele nos deixou. Continuaremos aqui levantando a bandeira que Sirkis tanto defendeu nos últimos tempos – descarbonizar a economia o quanto antes, para evitar que a crise climática cause ainda mais dano. Descanse em paz, amigo.

Em tempo: Recomendamos o emocionante texto de Cassia Moraes, que trabalhou com Sirkis nos últimos anos no CBC, publicado no UOL Ecoa. Nele, Cassia destaca um conselho que o veterano “descarbonário” daria para o jovem Alfredo: “O conselho que eu daria hoje é lute, lute, lute muito, e de forma consequente, de forma inteligente, não de forma narcísica. A luta tem que ser eficaz, a mobilização tem que ser em cima de propostas factíveis, inteligentes e no sentido de uma descarbonização. O movimento jovem tem que ir além do protesto, e se colocar, não deve ser mais importante do que a vitória da causa propriamente dita. Então o conselho que eu daria é: procure estudar ao máximo a sua causa, a razão pela qual você está lutando e entender ao máximo como ela pode ser vitoriosa. Luta política não é terapia de grupo. Tem objetivos, mediações, avanços, recuos e obstáculos, que têm muitas vezes que ser contornados”.

 

ClimaInfo, 13 de julho de 2020.

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