Japão promete acabar com financiamento a projetos de carvão de países em desenvolvimento

Japão carvão

O governo japonês promete endurecer as regras para o financiamento de projetos de energia no exterior, com o objetivo de restringir o acesso a recursos governamentais a obras de termelétricas a carvão.

Por décadas, o Japão vem sendo criticado por ambientalistas pelas suas políticas de investimento internacional favorecerem projetos de carvão, especialmente em países em desenvolvimento na Ásia e na África. O anúncio da semana passada busca atenuar essas críticas e servir como um “marco” para a política climática japonesa. “Como princípio, o governo não prestará assistência para novos projetos de carvão nos países onde o Japão não está totalmente ciente da situação energética local e dos desafios ou políticas de descarbonização”, afirmou o governo.

Em entrevista ao Financial Times, o ministro japonês do meio ambiente, Shinjiro Koizumi, afirmou que essa nova política ajudará a impulsionar uma mudança regional na Ásia rumo a fontes energéticas mais limpas e reconheceu que o governo do Japão sentiu o impacto das críticas feitas ao país durante a COP25, em dezembro passado em Madri, contra o financiamento estatal a projetos de carvão.

No entanto, como ressalta a Reuters, a nova estratégia de financiamento do governo japonês manteve algumas isenções (por exemplo, a projetos de carvão atualmente em fase de construção), o que deixou muitos ambientalistas céticos com relação aos efeitos práticos dessas medidas.

Em tempo: A Polônia é um dos principais mercados europeus para o carvão, responsável por gerar a maior parte da eletricidade ali consumida. No entanto, como no resto do planeta, o setor carvoeiro foi atingido em cheio pela pandemia, o que está aprofundando problemas já existentes antes da crise sanitária. Além da queda na demanda energética causada pelas quarentenas, o setor enfrentou problemas relacionados ao contágio por COVID-19 em minas de carvão. De acordo com a Associated Press, cerca de ⅕ dos 36 mil casos do novo coronavírus na Polônia são de funcionários de minas (ao redor de 6,5 mil pessoas). Com a mineração impactada, o país reforçou uma tendência observada nos últimos anos – a de importar carvão de países como Moçambique, Colômbia, Austrália e Rússia. Tudo isso reforçou o mal-estar dos parceiros europeus da UE, que se ressentem com o fato de que a Polônia é o único país do bloco a rejeitar o compromisso de neutralidade climática até 2050.

 

ClimaInfo, 14 de julho de 2020.

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