A queda na demanda energética causada pelo desaquecimento econômico decorrente da pandemia, criou um cenário de sobreoferta de energia que pode durar aproximadamente cinco anos. Esse período pode ser a grande oportunidade para que o país adote medidas para limpar sua matriz energética, como a antecipação da desativação de usinas termelétricas a carvão.
Essa é a conclusão de um novo estudo desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) e pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS), junto com o cientista José Goldemberg (USP). O estudo mostra a sobreoferta estrutural de energia contratada no Sistema Interligado Nacional (SIN), estimada entre 12% a 15% ao final deste ano. Se a retomada da atividade econômica acontecer no ritmo médio de 2% ao ano a partir deste semestre, a demanda energética voltará aos níveis de dezembro de 2019 apenas no início de 2024. De acordo com o estudo, isso permitiria antecipar o fechamento das usinas a carvão, previsto para acontecer nos próximos dez anos, o que ajudaria a equilibrar o setor, ao mesmo tempo em que contribuiria para diminuir as emissões de carbono associadas à geração elétrica no Brasil.
“Durante os próximos anos haverá excesso de energia. Grandes companhias de petróleo estão abandonando projetos caros e se concentrando nos mais rentáveis”, explicou Goldemberg durante o lançamento do estudo, citado pelo Valor Econômico. “Há uma situação nova, um intervalo de quatro a cinco anos, alguns especialistas acreditam que possa chegar a sete anos, em que é possível sair da COVID e ter um futuro energético mais razoável do o que temos hoje”.
Em tempo: A empresa de energia portuguesa EDP anunciou nesta semana o fechamento da termoelétrica de Sines, o que antecipa o abandono total do carvão da matriz elétrica de Portugal de 2023 para 2021. De acordo com a companhia, a decisão faz parte de sua estratégia de descarbonização, facilitada pelos preços mais competitivos de fontes renováveis de energia, como eólica e solar. Como destacou o portal Climate Home, Portugal será o 3º país da União Europeia a encerrar a geração elétrica por queima de carvão, depois de Áustria e Suécia.
ClimaInfo, 16 de julho de 2020.
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