Enquanto Mourão sua a camisa para aliviar as tensões relativas ao desmatamento da Amazônica com investidores internacionais, Bolsonaro abusa da falta de diplomacia e insulta seus críticos. Em live na 5ª feira (16/7), ele acusou os críticos de terem motivação econômica e disse que a Europa é uma “seita ambiental”: “Essa guerra de informação não é fácil. Nós temos problemas, o Brasil é uma potência no agronegócio. E a Europa é uma seita ambiental. Eles desmataram tudo, não reflorestaram nada e atiram em nós o tempo todo de forma injusta. É uma briga comercial”.
Sobre as queimadas, com a ignorância orgulhosa que lhe é característica, Bolsonaro disse que “não há problema”, já que “a área [da Amazônia] é tão fértil que se você, de um ano para o outro não trabalhar, quase que volta uma mata nativa de novo”.
Curiosamente, Bolsonaro também criticou o decreto – assinado por ele mesmo – que proíbe por 120 dias a prática de queimada na Amazônia. Para ele, o decreto pode colocar “indígenas e caboclos” em situação de fome, já que eles seriam responsáveis por uma “parte considerável” dos focos de incêndio na região para realização de atividades produtivas e ficariam impedidos de produzir com a moratória das queimadas.
Como bem pontuou a checagem da live feita pelo Fakebook.eco, o presidente desfilou um “rosário antiambiental” em sua fala, disseminando mentiras e distorções e contrariando o trabalho que seu próprio governo vem realizando nas últimas semanas para conter os danos provocados pelas críticas internacionais.
Na live, Bolsonaro também confirmou que Ricardo Salles fica no cargo de ministro do meio ambiente, a despeito da contestação crescente dentro e fora do Brasil. No G1, Andréia Sadi disse que a declaração de Bolsonaro pode não ser suficiente para acabar com a “fritura” de Salles, e que alguns aliados do presidente seguem buscando uma “solução Weintraub” para ele.
As besteiras presidenciais foram abordadas por diversos veículos na imprensa, como Valor, Folha, Correio Braziliense, Metrópoles, Rolling Stone, O Eco, RFI, UOL, Euronews e Reuters.
Em tempo: Vale a pena ler o artigo de Marcio Astrini, do Observatório do Clima, no El País Brasil. O texto deixa claro que o governo precisa mudar não apenas o nome do ministro do meio ambiente, mas principalmente, a lógica que orienta as ações governamentais na área imposta pelo presidente Bolsonaro.
ClimaInfo, 20 de julho de 2020.
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