Lobby das automobilísticas quer adiar aplicação das metas de eficiência e redução de emissões

indústria automobilística

A indústria automobilística se movimenta para adiar a implementação da próxima fase da legislação sobre controle de emissões (PROCONVE) e das metas regulatórias de eficiência energética e de segurança do programa Rota 2030.

O lobby das montadoras condenará o país a continuar com uma frota insegura, com níveis altos de poluição, e com atraso tecnológico que pode comprometer a competitividade internacional das montadoras brasileiras, segundo alerta o consultor Murilo Briganti, da Bright Consulting, em artigo publicado no portal Automotive Business.

“Postergar a legislação neste momento significa manter o status quo de uma frota de péssima qualidade, com veículos inseguros, menos eficientes e mais poluentes, que amplificarão a contaminação de pessoas e do meio ambiente e manterão as estatísticas alarmantes de mortes no trânsito no país”, escreveu Briganti. “Decidir reverter este cenário, mantendo as legislações como previsto e acordado, é, sem dúvida, o melhor caminho para a sociedade, mesmo que parte dos custos (compensados pelos incentivos) sejam repassados ao mercado”.

No Valor, Alfred Szwarc, Gabriel Blanco, Fabio Feldmann e Gláucia Savin vão na mesma linha, destacando como a flexibilização da aplicação das novas regras pode comprometer o esforço do Brasil contra a COVID-19. “Considerando que a possibilidade de contenção das infecções pelo vírus em curto prazo ainda é um enorme desafio, e que a poluição do ar é fator de debilitação do sistema imunológico, medidas de leniência ambiental são sinônimo de riscos adicionais à saúde pública”, escreveram. Os autores assinalaram também que qualquer medida de relaxamento das novas regras sobre poluentes, usando a pandemia como justificativa, poderá causar ainda mais danos para a saúde pública no Brasil.

Em tempo: Ricardo Salles afirmou ao BR Político que defende a manutenção atual do calendário do PROCONVE, com as novas regras entrando em vigor no começo de 2022. “Qualidade do ar é tema prioritário da agenda ambiental urbana (…) Temos que seguir buscando melhorar, e não retroceder”, disse o ministro, num movimento “fora da curva” de sua postura antiambiental.

 

ClimaInfo, 31 de julho de 2020.

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