Calor “pra lá de Bagdá”

bagdá

O jornal The Washington Post publicou uma matéria interessante sobre os efeitos do calor intenso que vem sendo registrado no Iraque neste verão. No final de julho, as temperaturas em Bagdá chegaram a quase 52°C, um recorde histórico.

Forçados pelo sol inclemente, os iraquianos se refugiaram dentro de suas casas nos dias mais quentes, tentando se refrescar de qualquer maneira. Os mais ricos puderam contar com ar-condicionados, mas a maior parte teve que recorrer a ventiladores. De todo modo, todos enfrentaram o mesmo problema: com o pico de consumo de eletricidade e o impacto do calor sobre a rede, não houve energia suficiente para todos.

O calor intenso de Bagdá oferece um vislumbre do que muitos locais ao redor do planeta, inclusive em países ricos na Europa e na América do Norte, poderão enfrentar com maior intensidade no futuro. Pior será para os países mais pobres na África, Ásia e América Latina, que contam com uma rede elétrica mais frágil.

Com o calor, vêm os problemas de saúde. No The Conversation, a cientista Harriet Ingle, da Glasgow Caledonian University (Escócia), afirmou que os impactos das temperaturas altas vão muito além do desconforto físico – elas afetam também a saúde mental das pessoas. Segundo ela, alguns estudos associam a ocorrência de calor com comportamento agressivo das pessoas, observando uma correlação entre esses dois fatores durante os dias, meses, estações e anos mais quentes. Pessoas com problemas de saúde mental também correm maior risco de sofrerem com o calor durante períodos mais quentes.

Em tempo: Nas cidades, os parques acabam sendo espaços importantes para refrescar o calor intenso em tempos de pandemia e restrições a espaços fechados com ar-condicionado. No entanto, como o Grist comentou, nem todos têm acesso igual a esses espaços verdes, com grande disparidade relacionada a fatores sociais, raciais e de renda. A matéria cita dados de um relatório publicado pela ONG Trust for Public Land (TPL), a qual analisou a distribuição de espaços verdes públicos nos EUA, o que revelou que os parques que atendem comunidades não-brancas têm em média metade do tamanho daqueles que atendem a populações de maioria branca. Para as famílias de baixa renda, os parques são quatro vezes menores e atendem quatro vezes mais pessoa por acre, em comparação com parques frequentados por famílias mais ricas.

 

ClimaInfo, 14 de agosto de 2020.

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