Queimadas prejudicam solos e diminuem rentabilidade de agricultores amazônicos no longo prazo

19 de agosto de 2020

Na The Conversation, os pesquisadores Federico Cammelli, Jos Barlow e Rachael Garrett abordaram os resultados de um estudo sobre o impacto das queimadas nas produtividade e rentabilidade dos agricultores no longo prazo na Amazônia. Eles afirmam que a prática da queimada acaba resultando em uma armadilha para os agricultores: por um lado, o fogo é atraente porque faz o trabalho de fertilizantes, pesticidas e mão-de-obra de graça; por outro, o fogo degrada o solo e, no longo prazo, se mostra menos lucrativo em comparação com sistemas agrícolas que usam maquinário, integram árvores em terras agrícolas ou alternam pastagens.

“O problema é que os incêndios em outras fazendas tornam muito arriscado para os agricultores investirem em sistemas caros de preparo da terra sem fogo, porque as safras ou a infraestrutura podem acabar sendo destruídas”, escreveram os pesquisadores, mencionando que, de um universo de 580 agricultores na Amazônia oriental, 43% sofreram danos decorrentes de queimadas descontroladas.

“Quando o risco de incêndio é alto, cultivar com fogo oferece o retorno mais seguro, mas aumenta o risco de incêndio para outras pessoas. Nessas situações, os usuários do fogo ganham mais dinheiro do que os fazendeiros que não usam o fogo, mas as receitas agrícolas são muito mais baixas do que seriam se o risco de incêndio fosse reduzido”.

Em tempo: Um estudo publicado no Journal of Ecology em fevereiro deste ano traz à luz um dado preocupante: a Floresta Amazônica está crescendo mais devagar do que se imaginava, à medida em que o desmatamento avança dentro da mata nativa. O paper sintetiza os resultados de uma pesquisa que monitorou o crescimento da chamada floresta secundária, que se desenvolve em áreas degradadas e abandonadas, no noroeste do Pará em um período de 20 anos. A pesquisa revelou que as árvores ali não só crescem mais devagar como absorvem menos carbono.

Isso traz implicações para o esforço de reflorestamento, já que o retorno das árvores pode não resultar na recuperação da biodiversidade e dos serviços ambientais – pelo menos, não na mesma proporção que eles existiam antes do desmatamento. A pesquisa foi conduzida por cientistas da Rede Amazônia Sustentável (RAS), que reúne 30 instituições brasileiras e internacionais.

O Globo destacou os principais resultados do estudo.

 

ClimaInfo, 19 de agosto de 2020.

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