Agentes da Força Aérea e servidores vazaram operação contra garimpo?

4 de setembro de 2020

A polêmica em torno do vai-e-vem das operações militares contra o garimpo ilegal na Terra Indígena (TI) Munduruku ganhou um novo capítulo. Dias após abrir inquérito para averiguar o uso de aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para o transporte de garimpeiros até Brasília, o Ministério Público Federal (MPF) do Pará anunciou ontem (3/9) que está investigando também a possibilidade de terem sido vazadas informações sobre uma operação realizada em agosto na região com antecedência para atores locais, o que prejudicou a fiscalização.

Segundo o MPF, a FAB não seguiu o planejamento montado pelo Ibama para a operação. Um exemplo é o uso de uma pista de pouso em Jacareacanga, na divisa entre Pará e Mato Grosso: os fiscais do Ibama alertaram que o sobrevoo em uma área tão próxima dos garimpos ilegais alertaria os criminosos, que fugiriam, exatamente o que aconteceu.

A investigação do MPF considerará também declarações feitas pelo indígena Josias Manhuary, defensor do garimpo ilegal e um dos que foram levados até Brasília pela FAB para uma audiência com Salles. No domingo (30/8), Manhuary confirmou ao Fantástico (TV Globo) que recebeu informação antecipada sobre a operação militar em Jacareacanga.

Os procuradores investigam também as circunstâncias da suspensão temporária das atividades de combate ao garimpo, realizada pouco depois da visita do ministro Ricardo Salles à Jacareacanga, em 5 de agosto. Revertida no dia seguinte, a suspensão impediu a decolagem de aeronaves do Ibama que deveriam partir do campo de provas da Aeronáutica na Serra do Cachimbo. A restrição só foi levantada pela FAB na tarde do dia 7.

Na Época, Leandro Prazeres deu detalhes sobre a audiência dos garimpeiros ilegais com Salles. De acordo com uma fonte anônima que participou da conversa, o ministro ouviu o pedido dos garimpeiros pela legalização da mineração em Terras Indígenas, promessa de campanha de Jair Bolsonaro. Questionada sobre a ata dessa audiência, que deveria descrever ao menos seus participantes, a pasta informou que esse documento não existe.

Folha, O Globo e Jornal Hoje (TV Globo) destacaram o inquérito aberto pelo MPF.

Em tempo: A ministra do STF Cármen Lúcia deu prazo de cinco dias para o governo federal prestar informações sobre o emprego das Forças Armadas em ações na Amazônia Legal. O pedido foi feito no âmbito da ação impetrada pelo Partido Verde que contesta a presença dos militares em ações de combate ao desmatamento e às queimadas na Floresta Amazônica. De acordo com o partido, a GLO promove uma “verdadeira militarização da política ambiental brasileira”, o que viola a Constituição.

 

ClimaInfo, 4 de setembro 2020.

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