O historiador Stephen Pyne, da Universidade do Estado do Arizona (EUA), fez uma provocação interessante: a intensificação dos incêndios florestais, potencializada pela crise climática, pode inaugurar uma nova era para o planeta Terra – a Era do Fogo, ou Piroceno.
Em artigo publicado na The Conversation e traduzido pela Revista Galileu, Pyne faz uma análise histórica sobre a evolução do uso do fogo pela humanidade e como esse processo interagiu com as emissões de gases de efeito estufa decorrente de atividades humanas, causa principal para o aquecimento recente do planeta. “As sociedades modernas estão queimando paisagens líticas [rochosas] – biomassa outrora viva agora fossilizada em carvão, gás e petróleo – o que está agravando a queima de paisagens vivas”, explica. “Podemos imaginar a Terra entrando em uma era de fogo comparável às eras glaciais do Pleistoceno, completa com o equivalente pírico de mantos de gelo, lagos pluviais, planícies periglaciais, extinções em massa e mudanças no nível do mar. É uma época em que o fogo é o principal motor e expressão”.
Se olharmos para o panorama global, a constatação de Pyne faz sentido. As chamas não se limitam apenas à costa oeste dos EUA ou ao Pantanal e à Amazônia brasileiros. Argentina, Bulgária, Indonésia, Grécia e Rússia e grandes partes da África subsaariana, entre outras regiões, também estão sofrendo com o fogo nas últimas semanas.
Em tempo: A BBC News explicou como os incêndios monstruosos da costa oeste dos EUA estão originando colunas de fumaça que se erguem por milhares de metros na atmosfera terrestre. As “pirocumulonimbus”, como estão sendo chamadas, são nuvens que atingem grandes altitudes e podem ser observadas do espaço. De acordo com a NASA, o ar quente que sai do fogo pode levar vapor d’água para a atmosfera e gerar nuvens. Muitas vezes, essas nuvens causam tempestade, com raios e ventos tão fortes que, no final das contas, podem fazer com que o fogo se espalhe ou ainda gerar novos focos de incêndio.
ClimaInfo, 14 de setembro 2020.
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