Queimadas no Pantanal “não podem ser acidente”, diz delegado que investiga novo “Dia do Fogo”

15 de setembro de 2020

Destacamos ontem aqui as investigações que a Polícia Federal está realizando para esclarecer o que teria causado focos de queimadas em regiões remotas do Pantanal. A principal suspeita é de que fazendeiros da região teriam ateado fogo intencionalmente, o que causou enorme devastação e contribuiu para a destruição recente do bioma.

Ouvido pelo Estadão, o delegado da PF, Alan Givigi, ressaltou que as características desses incêndios, especialmente o fato de que eles ocorreram em áreas remotas do Pantanal, corroboram a suspeita: “O fogo nesse caso seria para queima da mata nativa para fazer pasto. Já que não pode desmatar, porque é Área Protegida, coloca fogo e o pasto aumenta, sem levantar suspeita.”

Enquanto isso, as chamas seguem impiedosas. Pelo menos 64% do Parque Estadual Encontro das Águas (MT), a maior reserva de onças-pintadas do mundo, foram consumidos pelo fogo até agora. A BBC Brasil registrou o trabalho de veterinários e ambientalistas para proteger a população de onças-pintadas e de outras espécies que vivem nessa Unidade de Conservação.

À Rádio Bandeirantes, Ricardo Salles admitiu que a situação no Pantanal está fora de controle, com prejuízo grande. Ele reclamou da resistência ao uso de retardantes químicos no combate às chamas, o que segundo ele “acaba tornando o combate ao incêndio menos eficaz”. N’O Globo, Lauro Jardim informa que o ministro trabalha com a possibilidade dos incêndios seguirem intensos no Pantanal ao menos até o final deste mês, a depender da chegada das chuvas na primavera.

O Jornal Hoje (TV Globo) destacou que, em todo o Brasil, quase 134 mil focos de incêndio foram registrados em 2020. De janeiro a setembro deste ano, o número de incêndios já supera a marca do ano passado em 16 mil queimadas.

Em tempo: Um projeto de lei apresentado pela gestão Temer há dois anos, que estabelece medidas estruturantes para facilitar o enfrentamento de queimadas no Brasil, segue parado na Câmara dos Deputados. O Estadão informou que nem mesmo as queimadas na Amazônia no ano passado, que motivaram cobranças e reclamações internacionais ao país, conseguiu impulsionar a apreciação do projeto pelos parlamentares.

 

ClimaInfo, 16 de setembro 2020.

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