Ação policial impede novo “Dia do Fogo” no Mato Grosso

Dia do Fogo impedido
Lalo de Almeida -Folhapress

Por muito pouco, as queimadas que consomem parte do sul da Amazônia nas últimas semanas não foram ainda piores. De acordo com o informe feito por Phillippe Watanabe na Folha, proprietários de terra de Colniza (MT) estavam programando um novo “Dia do Fogo”, com incêndios coordenados de grande escala no começo de agosto.

A data não era acidental: há exatos três anos, produtores rurais de Novo Progresso, no sudoeste do Pará, incendiaram trechos de floresta de maneira orquestrada e ilegal, um crime ainda sem punição pelas autoridades.

Uma operação conjunta do Ministério Público e das Polícias Civil e Militar do Mato Grosso, com apoio da secretaria de meio ambiente do estado, conseguiu desbaratar o grupo antes que os crimes fossem cometidos. Policiais apreenderam armas de fogo, material destinado à queimadas (como luvas de proteção térmica), além de celulares e computadores.

A investigação descobriu que os proprietários chegaram a criar um esquema para afastar qualquer risco de acusação na Justiça, por meio de “laranjas” para os quais os terrenos foram transferidos. As propriedades investigadas somam mais de 300 mil hectares.

Ainda assim, infelizmente, a intensidade das queimadas no sul da Amazônia segue preocupante. Na semana passada,  foi registrado o pior dia de queimadas na Amazônia em 15 anos. Foram registrados mais de 3.350 focos de incêndio em um único dia – pior até que o “Dia do Fogo” de 2019.

“O fogo não vai parar agora. É uma extensão grande e ninguém está agindo para apagar”, lamentou a presidente da Central de Associações Agroextrativistas do Rio Manicoré (CAARIM), Maria Célia Delgado, à Folha

O município de Manicoré, no sul do Amazonas, está no top 10 com maior número de focos de incêndio no acumulado de agosto, até o último dia 23.

Como resultado, uma densa pluma de fumaça está se levantando e chegando a áreas distantes como Manaus e Porto Velho (RO).

Também na Folha, a ativista Txai Suruí destacou o caso da Terra Indígena Karipuna, em Rondônia, que sofre com queimadas realizadas por invasores.

“Grande parte da mata nativa do território já foi perdida e o pouco que sobrou é defendido pelos karipunas sob ameaças”, alertou Suruí. “Quando entenderemos que estamos queimando [floresta] sem pensar? Quantas curas para doenças já não foram queimadas? E o Povo que vive lá, para onde vai se mudar?”.

Em tempo: O delegado da Polícia Federal Roberto Moreira da Silva Filho morreu neste sábado (27/8), durante uma operação contra a exploração ilegal de madeira na Terra Indígena Aripuanã, em Mato Grosso. De acordo com a PF, o agente morreu durante uma tentativa de abordagem a um caminhão que fugiu da fiscalização. Os policiais teriam atirado no veículo e uma das balas ricocheteou na lataria, acertando o delegado na cabeça. Roberto era chefe da Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e o Patrimônio Histórico (DELEMAPH) da PF de MT. Agência Brasil, g1 e O Globo deram mais informações.

 

ClimaInfo, 29 de agosto de 2022.

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