Cinco anos da tragédia de Mariana: desastre sem fim

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Em 5 de novembro de 2015, o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), foi soterrado pela lama tóxica liberada pelo colapso da barragem de Fundão, operada pela mineradora Samarco. Nos dias seguintes, os rejeitos atingiram a bacia do rio Doce e avançaram rumo ao mar, causando um dos maiores desastres ambientais da história do Brasil. Cinco anos depois, o fluxo de rejeitos continua avançando no Atlântico e, aos poucos, se aproxima do arquipélago de Abrolhos.

Rafael Garcia mostrou em O Globo dados de um estudo da Universidade Federal do Espírito Santo que sugerem um cenário preocupante: a concentração de ferro ao longo da costa capixaba e no leito do rio Doce continua alta, sendo que o sedimento encontrado nessa área possui características similares ao do ferro medido no rejeito da barragem. O recado é pessimista. “No estágio atual, é impossível prever quão longa a presença dos rejeitos no sedimento será no ambiente marinho”, conclui o estudo, publicado na revista Chemosphere.

Para os sobreviventes e familiares de vítimas do desastre, o tempo não cicatrizou as feridas. Pior: a lentidão da Justiça atrasa o julgamento dos responsáveis pelo colapso da barragem de Fundão e as indenizações. Comunidades inteiras seguem esperando o dinheiro para reconstrução das casas. Enquanto as pessoas afetadas sofrem, a Samarco se prepara para retomar as atividades no final de 2020. Deutsche Welle e G1 trouxeram algumas dessas histórias.

Em tempo: Vale cada minuto empregado na leitura do forte e triste artigo O rio morreu no site Uma Gota no Oceano; um pouquinho dele aqui: para os Krenak, o rio Doce morreu quando o rompimento da barragem da Vale originou aquela onda de resíduos do tamanho do Pão de Açúcar, o que levou Dejanira Krenak, liderança e matriarca do povo Krenak, a perguntar – “De que forma você traz um morto à vida?” Em uma conversa com Ailton Krenak, engenheiros pediram uma sugestão do que fazer. Ailton disse que todas as atividades humanas fossem interrompidas até que a vida no rio voltasse ao normal. Ao que os técnicos responderam que “o mundo não pode parar”, sem perceber que, com o rompimento da barragem, um mundo tinha deixado de existir para os Krenak. Eles agora viviam em uma realidade limitada, triste e precária.

 

ClimaInfo, 6 de novembro 2020.

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