Ativistas pressionam Biden a declarar emergência climática nos EUA

Biden emergência climática

Faltando menos de dois meses para assumir a Casa Branca, Joe Biden já enfrenta pressão por ativistas climáticos e ambientalistas para ir além nos primeiros esforços de seu governo na agenda climática. Segundo a Bloomberg, grupos progressistas querem que o novo presidente declare situação de emergência climática nos EUA. Além do peso simbólico dessa declaração, eles assinalam também para a possibilidade de, com ela, Biden poder contornar a oposição republicana no Congresso e unilateralmente mexer no orçamento federal, financiando projetos de energia limpa e restringindo a produção e o consumo de combustíveis fósseis. Curiosamente, um exemplo citado por esses ativistas é o de Donald Trump, que declarou emergência na região da fronteira sul dos EUA em 2018 para conseguir canalizar recursos para a construção de seu famigerado muro.

Por outro lado, José Eli da Veiga especulou no Valor que o impulso da gestão Biden para a descarbonização dependerá menos das lutas ideológicas intensas dentro do Partido Democrata e mais do próprio perfil do novo presidente, com grande experiência política; das restrições impostas pela oposição republicana no Congresso; e da posição dos economistas americanos sobre medidas de precificação de carbono. Em um primeiro olhar, esse cenário parece uma repeteco da era Obama, mas Veiga ressaltou mudanças substanciais no entendimento de atores importantes na economia norte-americana em favor da taxação do carbono, o que permitiria ao novo governo avançar em medidas mais substanciais do que aquelas do passado.

Em tempo 1: A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinta Ardern, deve declarar emergência climática, em uma medida simbólica para reforçar o compromisso do país com a ação climática. Se a proposta for aprovada, o país se junta a outras nações, como Canadá, França e Reino Unido. Estadão e Reuters deram mais detalhes.

Em tempo 2: Mais de três semanas após a eleição norte-americana, Bolsonaro segue fingindo que Joe Biden não derrotou Donald Trump. Bryan Harris escreveu no Financial Times sobre a dificuldade do governo brasileiro de se “desapegar” do ídolo-aliado Trump e os problemas que os dois países poderão enfrentar na relação bilateral caso Bolsonaro não mude substancialmente sua política ambiental e sua estratégia internacional. A esperança de alguns, especialmente no mercado financeiro e no setor privado, é de que a realidade force o governo brasileiro a fazer essas mudanças, mesmo que a contragosto. Resta saber se Bolsonaro consegue brincar de “meia volta, volver”.

 

ClimaInfo, 27 de novembro 2020.

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