“Pedalada climática” exclui Brasil de cúpula de aniversário do Acordo de Paris

11 de dezembro de 2020

A contribuição mambembe, e que alguns qualificam como enganosa, apresentada por Salles para o Acordo de Paris (NDC) segue repercutindo, e muito negativamente. O constrangimento mais recente foi a exclusão de Bolsonaro da lista provisória de quase 80 chefes de estado e de governo que participarão neste sábado da Cúpula de Ambição Climática, organizada pela ONU, França, Reino Unido, Itália e Chile, conforme relata Jamil Chade no UOL. Chade diz que nos bastidores, o Itamaraty busca uma solução para a crise política.

A Cúpula foi organizada para celebrar os cinco anos da assinatura do Acordo de Paris e para impulsionar novos compromissos climáticos das nações. A negativa sinaliza a insatisfação internacional com a baixa ambição e com a pedalada presente na nova NDC e reforça o isolamento político do país nas discussões ambientais internacionais sob a gestão Bolsonaro/Salles. “Nos tornamos indesejados em uma agenda em que deveríamos ser líderes”, lamentou Márcio Astrini, do Observatório do Clima, ao G1.

Uma análise do OC sobre a NDC apresentada por Salles ressaltou pontos críticos que colocam o Brasil em uma posição ainda mais delicada dentro das negociações climáticas: as mudanças na linha de base da nova NDC e a manutenção das metas percentuais de redução de emissões da NDC anterior, sem correção em termos absolutos, permitiriam ao Brasil chegar a 2030 emitindo 400 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO2e) a mais do que o previsto originalmente na proposta apresentada em 2015 pelo governo Dilma.

A imprensa no exterior também vem ressaltando as críticas à nova NDC brasileira. Bloomberg e Financial Times destacaram o fato do Brasil cobrar US$ 10 bilhões anuais para tirar a nova NDC do papel. Já a Reuters abordou a falta de credibilidade da proposta brasileira e o enfraquecimento das metas nacionais para o Acordo de Paris, em particular o objetivo de zerar o desmatamento ilegal na Amazônia. Aliás, esse é um dos pontos que mais chamou a atenção negativa de investidores internacionais, que seguem insatisfeitos com as ações do governo Bolsonaro no combate ao desmatamento na Amazônia, conforme relatou O Globo.

Época e G1 destacaram a exclusão do Brasil da Cúpula, que também foi relatada pela ClimateHome. Já Capricho e Poder360 mostraram dados da análise do OC sobre a nova NDC brasileira.

 

ClimaInfo, 11 de dezembro de 2020.

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