Enquanto o governo federal e a bancada ruralista “esfregam as mãos” para tocar a boiada sobre a pauta ambiental no Congresso, a percepção de empresários e investidores internacionais sobre a imagem ambiental do Brasil no exterior só piora. Na Deutsche Welle, Alexander Busch ressaltou que o fluxo de investimento externo direto no Brasil em 2020 encolheu, registrando o pior desempenho entre os mercados emergentes globais.
Entre os motivos que estão derrubando a atratividade do país lá fora, Busch destacou exatamente a desconfiança internacional com a situação do meio ambiente. “As crescentes demandas no exterior por investimentos responsáveis social, ética e ecologicamente estão afastando as empresas de investir no Brasil. E isso, não há dúvida, se deve principalmente às políticas ambientais do governo Bolsonaro”.
O Valor, por sua vez, publicou algumas análises sobre as repercussões econômicas que o país está sofrendo com o mau humor internacional. Danylo Martins ouviu executivos e especialistas em comércio exterior e agronegócio, que alertaram para o risco dos produtos brasileiros perderem mercado no exterior por conta do descontrole do desmatamento na Amazônia e no Cerrado. Sergio Adeodato também destacou dados que mostram a “contaminação” da carne bovina e da soja brasileira pelo desmatamento, causado pelas dificuldades de monitoramento das cadeias produtivas pelas traders de commodities.
Em tempo: O comissário da União Europeia para o meio ambiente, Virginijus Sinkeviius, deixou claro que os países europeus insistirão em um compromisso para impedir que cadeias de produção e fornecimento de commodities não promovam danos ambientais na Amazônia. O alerta, destacado por Jamil Chade no UOL, foi feito no lançamento de uma iniciativa internacional de diálogo governamental, preparatória para a próxima Conferência da ONU sobre o Clima (COP26). Em sua fala, Sinkeviius afirmou que o combate à venda de madeira ilegalmente extraída não é suficiente: os mercados produtores de commodities precisarão garantir que a expansão agrícola também não prejudique a conservação de ecossistemas críticos para o clima e a diversidade biológica. Ele também confirmou que a UE pretende estabelecer até julho novas exigências para que as empresas garantam a integridade ambiental dos produtos importados e vendidos nos países europeus.
ClimaInfo, 3 de fevereiro de 2021.
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